Forças alternativas a Bolsonaro-Lula vão governar metade das capitais estaduais brasileiras
30 de nov. de 2020, 14:04
— Lusa/AO Online
O
fortalecimento dessas formações coincidiu com as duras derrotas sofridas
tanto pelos candidatos que receberam o apoio do Presidente da
extrema-direita, quanto pelos indicados pelo Partido dos Trabalhadores
(PT) de Lula.Os três partidos de
centro-direita mais tradicionais do país, que já haviam conquistado as
autarquias de cinco capitais na primeira volta, em 15 de novembro,
obtiveram neste domingo (segunda volta) mais oito, incluindo São Paulo e
Rio de Janeiro, consideradas as mais importantes.No
total, venceram 13 das 25 capitais regionais em que foram eleitos
prefeitos nas municipais deste ano, número que exclui o Distrito
Federal, onde a administração do território, incluindo a capital do
país, Brasília, é exercida pelo governador, e também Macapá, capital do
estado do Amapá, onde a votação foi adiada devido a problemas no
abastecimento elétrico.As outras 12 capitais foram distribuídas por oito partidos.As
forças vencedoras são o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB),
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002); o Movimento
Democrático Brasileiro (MDB), por muitos anos a maior força eleitoral do
país, do ex-presidente Michel Temer (2016-2018); e o liberal Democratas
(DEM), um dos maiores vencedores das eleições municipais deste ano.O
MDB conquistou no domingo cinco prefeituras de capital: Boa Vista
(Arthur Henrique), Cuiabá (Emanuel Pinheiro), Goiânia (Maguito Vilela),
Porto Alegre (Sebastião Melo) e Teresina (Doutor Pessoa).O
DEM, que na primeira volta já havia garantido as prefeituras de
Curitiba (Rafael Greca), Florianópolis (Gean Loureiro) e Salvador (Bruno
Reis), obteve uma quarta neste domingo: a estratégica cidade do Rio de
Janeiro (Eduardo Paes).Já o PSDB, que
venceu em 15 de novembro duas autarquias com Álvaro Dias em Natal e
Cinthia Ribeiro em Palmas, somou mais duas neste domingo: Porto Velho
(Hildon Chaves) e São Paulo (Bruno Covas), a maior cidade do país.Por
outro lado, o partido de Lula sofreu derrotas nas duas grandes cidades
em que ainda tinha oportunidade de vencer no domingo e, pela primeira
vez desde 1985, estará ausente das prefeituras das capitais estaduais do
Brasil.Outras formações políticas de
esquerda tiveram melhor desempenho, como o Partido Democrático
Trabalhista (PDT), que governará duas capitais; o Partido Socialista
Brasileiro (PSB), com outras duas, e o emergente Partido Socialismo e
Liberdade (PSOL), que venceu no domingo a prefeitura de Belém.O
PT, que já governou São Paulo duas vezes, havia alcançado o recorde de
nove capitais em 2004, no segundo ano do mandato presidencial de Lula
(2003-2010).Os resultados deste ano
evidenciam uma queda do PT, que acabou por ser um dos grandes derrotados
das eleições municipais, após ter sido por muitos anos considerada a
principal referência no campo progressista no Brasil.Derrota
semelhante sofreram os candidatos apoiados por Bolsonaro, que, sem
formação política desde que deixou o Partido Social Liberal (PSL) no ano
passado por divergências com os seus dirigentes, manifestou apoio
explícito a 13 candidatos, dos quais 11 foram derrotados.Os
únicos candidatos considerados 'bolsonaristas' que venceram as eleições
nas capitais regionais foram Tião Bocalom em Rio Branco e Lorenzo
Pazolini em Vitória. As três forças que
vão governar metade das capitais estaduais rejeitam a bipolarização no
país entre a extrema-direita do Bolsonaro e o esquerdismo de Lula - que
gerou uma grande radicalização nas eleições presidenciais de 2018 - e há
vários meses negociam uma candidatura alternativa ao centro para a
Presidência, em 2022.