Foi sensato não incluir pergunta sobre origem étnico-racial no Censos 2021
18 de jun. de 2019, 17:39
— Lusa/AO Online
"Acho que foi uma decisão
sensata do Instituto Nacional de Estatística (INE), porque se gerou um
debate que não fazia sentido", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, em
resposta à comunicação social, no Terreiro do Paço, em Lisboa. Segundo
o chefe de Estado, que falava no final de um passeio de elétrico com o
seu homólogo austríaco, Alexander Van der Bellen, "a ideia era uma boa
ideia, era a ideia de conhecer a realidade portuguesa". "Mas, criado o debate, penso que foi uma decisão boa a de esvaziar esse debate", reiterou o Presidente da República.Enquanto
percorria o Terreiro do Paço, até à beira-rio, com paragens para tirar
sucessivas fotos com portugueses e estrangeiros, Marcelo Rebelo de Sousa
foi também questionado sobre a intenção do primeiro-ministro e
secretário-geral do PS, António Costa, de repor a atualização anual dos
salários da função pública a partir de 2020."Eu
não me vou pronunciar. Isso é o programa eleitoral e eu não me
pronuncio sobre programas eleitorais dos partidos, que é o que vai mais
haver daqui até às eleições [legislativas de 06 de outubro]. Não me
posso pronunciar, isso era tomar posição", respondeu o chefe de Estado.António Costa tem remetido para a próxima legislatura a reposição dos aumentos salariais da função pública. Em
entrevista ao jornal Expresso, publicada no sábado, retomou essa
mensagem, defendendo que é possível, a partir de 2020, voltar "à
normalidade de haver atualização anual dos vencimentos" e que há que
"rever significativamente os níveis remuneratórios dos seus técnicos
superiores".O INE anunciou que não vai incluir no Censos 2021 uma pergunta sobre a origem étnico-racial dos cidadãos. Em
conferência de imprensa, o presidente do INE, Francisco Lima,
justificou a decisão afirmando que se trata de uma "questão complexa,
que exige mais recolha de informação", e defendeu que um recenseamento
da população não é o meio mais apropriado para esse efeito.O INE irá realizar um inquérito específico dedicado a esta temática, adiantou.Francisco
Lima referiu que a maioria dos membros do grupo de trabalho criado pelo
Governo para avaliar esta matéria votou pela inclusão de uma pergunta
sobre a origem étnico-racial no Censos 2021, mas que o Conselho Superior
de Estatística recomendou a não inclusão da pergunta, posição com a
qual o INE concordou. Marcelo Rebelo de
Sousa e Alexander Van der Bellen fizeram hoje um passeio de elétrico em
Lisboa durante cerca de meia hora, que tem estado no programa dos chefes
de Estado que visitam Portugal, desta vez, com saída da Estrela e
passagem pela Lapa e por Santos, seguindo o percurso da carreira 25.No
final, acabaram por se demorar mais uns 20 minutos no Terreiro do Paço,
onde Van der Bellen ouviu Marcelo Rebelo de Sousa contar-lhe a história
do seu mergulho no Tejo em 1989, quando era candidato à Câmara
Municipal de Lisboa: "Foi uma loucura, estava poluído. Foi para mostrar
como estava poluído. Eu era novo, tinha 40 anos". Com
o seu homólogo austríaco ao seu lado, e mesmo depois de este se ir
embora, o chefe de Estado português foi abordado por pessoas vindas do
Brasil, da Turquia, da Colômbia, do Egito, do Reino Unido, dos Estados
Unidos da América, da Áustria, de Itália, do Canadá ou de França, com
quem acedeu a tirar fotografias e trocou algumas frases em diferentes
línguas.