Fnam exige que Ana Paula Martins seja substituída por alguém que perceba de Saúde
24 de set. de 2024, 12:15
— Lusa/AO Online
Joana
Bordalo e Sá falava aos jornalistas, no Porto, a propósito da greve de
dois dias que hoje começou e que admite irá causar “constrangimentos a
nível dos vários serviços, sobretudo ao nível da atividade programada,
seja a nível das consultas, nos centros de saúde, hospitais e também da
cirurgia programada” embora cerca das 08:30 ainda não dispusesse de
números relativos à adesão a este protesto.Contudo,
a dirigente da FNAM acredita que vai haver uma forte adesão, “tendo em
conta também a desmotivação e a revolta que existe por parte dos
médicos”.“Isto é um transtorno enorme na
vida dos doentes. No entanto, o único responsável aqui é a ministra da
Saúde, Ana Paula Martins, que nada fez para evitar esta situação”,
sublinhou.Em seu entender, “a única coisa
que este Mistério da Saúde programou para os médicos do serviço público
de forma unilateral, teve consequências desastrosas, ao alterar as
regras dos concursos. Assim, a esmagadora maioria dos especialistas que
acabaram a especialidade em março, há meio ano, ainda está por colocar,
numa altura em que faltam tantos médicos”.Joana
Bordalo e Sá criticou também o pagamento do trabalho extraordinário,
“foram alteradas as regras de forma unilateral e estão a registar-se
imensas irregularidades”.Há também esta
“última medida abusiva do Ministério, que representa um assalto às
nossas férias que estavam programadas desde abril, em concordância com
as direções de serviço, com as próprias administrações, e que correm o
risco de serem canceladas”.“Quando faltam
médicos nas escalas e nas urgências, não é porque os médicos estão de
férias, é mesmo porque faltam médicos e este Ministério de Ana Paula
Martins nada fez para os garantir e, por isso, nós também não nos
cansamos de repetir que exigimos um ministro ou uma ministra que perceba
de saúde e que consiga servir o Serviço Nacional de Saúde”, afirmou.Joana
Bordalo e Sá acrescentou que “não foi permitido nenhum bom acordo com
os médicos até à data, nem com o executivo anterior, nem com este.” “Isso
também não se perspetiva, para sermos sérios numa negociação e não
termos apenas uma negociação de fachada, tínhamos que ter as grelhas
salariais decididas e negociadas até ao fim deste mês, para estarem
inscritas no Orçamento do Estado, mesmo que fossem só para serem
aplicadas em 2025”, salientou.Considerou
ainda que “não é sério querer discutir grelhas no fim deste ano ou só no
próximo ano, porque se não está inscrito no orçamento do Estado, não
vai haver efeito nenhum e, portanto, isso era fundamental”.“Além
disso, temos mesmo as questões das condições de trabalho para as quais
nós temos muitas soluções e consideramos que pelo menos algumas delas
deveriam começar a ser resolvidas, nomeadamente a reposição das nossas
35 horas de trabalho para ficarmos equivalentes ao resto da
administração pública. Foi algo que nos foi retirado e que nunca foi
reposto”, apontou.A Fnam defende também
que “os novos médicos internos voltem a fazer parte da carreira porque
eles estão fora e não estão protegidos e são 11.000 médicos em 32.000 do
SNS, ou seja, 1/3 da nossa força de trabalho”.“Temos
aqui um leque de soluções, mas o Ministério da Saúde e Ana Paula
Martins mantêm esta atitude de teimosia de não ouvir os profissionais,
não ouvir os médicos e não abraçar pelo menos algumas das suas
soluções”, disse.“Não há qualquer tipo de
dúvida que, para os médicos serem apaziguados e voltarem ao Serviço
Nacional de Saúde, é necessário uma negociação que, de facto, seja séria
e não seja apenas uma negociação de fachada. E se nada acontecer iremos
escalar a nossa luta e todo o setor da saúde ter-se-á que unir, porque
isto não é só para os médicos”, acrescentou.A
dirigente da Fnam considerou ainda que “todos os profissionais de
saúde, neste momento, estão a passar dificuldades enormes neste SNS. Os
médicos e os profissionais de saúde querem ficar no SNS, mas para isso
têm que ter condições dignas para aí poderem estar”.Além
desta greve de dois dias, realiza-se a partir das 15:30 uma
manifestação nacional em frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa, para a
qual a Fnam convida todos os profissionais e utentes por considerar que
não é apenas uma questão da luta da melhoria das condições de trabalho
dos médicos, “é uma luta pelo Serviço Nacional de Saúde que a Federação
Nacional dos Médicos defende como sendo pública, acessível, universal,
de qualidade e tem que chegar a todos”.