FMI pede à China que reajuste estratégia covid-19 para apoiar economia
23 de nov. de 2022, 15:17
— Lusa/AO Online
Após concluir uma
ronda virtual de consultas com as autoridades chinesas, o FMI elogiou a
“recuperação impressionante” da economia do país asiático após o impacto
inicial da pandemia, no primeiro trimestre de 2020, mas lembrou que o
crescimento “abrandou e continua sob pressão”.A
instituição apontou como obstáculos os repetidos surtos de covid-19,
suscitados pela altamente contagiosa variante Ómicron do novo
coronavírus, os “desafios profundos” no fragilizado setor imobiliário e o
abrandamento da procura a nível global, que pode afetar as exportações
chinesas.A vice-diretora-geral do FMI,
Gita Gopinath, indicou que, apesar de a estratégia 'zero covid' se ter
tornado cada vez mais ágil, as mutações mais contagiosas do vírus e as
"lacunas contínuas" nas campanhas de vacinação - sobretudo entre os
idosos - têm resultado em confinamentos mais frequentes, pesando assim
no consumo e investimento privado.Gita
Gopinath também se referiu à crise no setor imobiliário do país, após a
campanha de regulação "bem-intencionada", com a qual Pequim tentou
"conter" os altos níveis de alavancagem das construtoras, incluindo
algumas de grande relevância, como o grupo Evergrande.As
medidas tomadas pelo Governo nesta matéria "aumentaram a pressão
financeira sobre os promotores, provocando uma queda rápida das vendas e
do investimento, bem como uma quebra acentuada das receitas autárquicas
com a venda de terrenos”, uma importante fonte de financiamento para os
governos locais.O FMI enalteceu as
recentes políticas de apoio ao setor e apelou a que se avance com
"mecanismos fortes e bem financiados" para garantir que os imóveis
inacabados sejam concluídos, visando proteger quem comprou casas em
regime pré-venda."Estas medidas vão ajudar a restaurar a confiança dos compradores e facilitar a reestruturação do mercado", disse Gopinath.A
vice-diretora-geral do FMI frisou que, em 2023, a política fiscal
chinesa deve "proteger a recuperação e facilitar o reequilíbrio"."Uma
postura de política fiscal neutra e de apoio às famílias vai ajudar a
fazer um reajuste do consumo e impulsionar o crescimento de forma mais
efetiva", explicou a economista, que destacou que a política monetária
deve permanecer flexível.No médio prazo, a
China deve "reativar" reformas estruturais que favoreçam o mercado,
como garantir uma concorrência justa entre firmas estatais e privadas.O
FMI prevê que a economia da China cresça 3,2% este ano e 4,4% nos
próximos dois, caso se concretizem as previsões de que Pequim vai pôr
fim à sua estratégia de 'zero casos' no segundo semestre de 2023.Gopinath
alertou para os perigos a nível internacional, como o abrandamento do
crescimento global, a subida das taxas de juro ou a subida dos preços da
energia, ao mesmo tempo que, a longo prazo, destacou os "riscos de
fragmentação" derivados de uma possível "desassociação" com o sistema
financeiro do Ocidente, bem como limites ao comércio, ao investimento
estrangeiro e ao intercâmbio de conhecimento em termos de tecnologia.