FMI elogia esforços da CEMAC e diz estar pronto a apoiar reformas na região
17 de dez. de 2024, 16:37
— Lusa/AO Online
"Os países e
instituições da Comunidade Económica e Monetária da África Central
(CEMAC) fizeram progressos na sua agenda de reformas nos últimos anos,
mas os desafios persistem, incluindo os elevados níveis de dívida e os
crescentes desequilíbrios orçamentais e externos, além dos temas da
diversificação económica e governação", disse o diretor do departamento
africano do FMI, numa nota emitida a seguir à cimeira dos chefes de
Estado da CEMAC.O FMI e as autoridades
nacionais regionais "vão trabalhar juntos para alcançar a conclusão das
discussões sobre garantias regionais e salvaguardar a estabilidade
regional macroeconómica", disse Abebe Aemro Selassie na declaração, na
qual afirma que o Fundo "acolhe favoravelmente o empenho dos líderes nas
reformas e recomenda mais ações para reconstruir as 'almofadas
orçamentais', melhorar a sustentabilidade e a transparência das finanças
públicas, mobilizar receitas não petrolíferas, e lidar com as
vulnerabilidades da dívida".Mostrando-se
"pronto para apoiar a região na obtenção de um crescimento económico
sustentável e inclusivo", o FMI salienta que "são precisas ações
ousadas, principalmente para melhorar a transparência nas finanças
públicas e no setor do petróleo e gás". Na
nota, Selassie vincou que a taxa de câmbio fixa face ao euro "continua a
servir a região bem, ancorando eficazmente a evolução da inflação e
reduzindo a incerteza associada ao investimento e comércio
internacional".Entre os principais
desafios da região que inclui o lusófono Guiné Equatorial, além de
República Centro-Africana, Congo, Gabão, e Chade, Selassie elencou "os
elevados níveis de dívida pública, a falta de diversificação, as
fraquezas governamentais e institucionais, e poucas melhorias nos
padrões de vida e de pobreza", salientando que "o atual ritmo desigual
de execução da agenda de reformas limita o crescimento potencial da
região e exige esforços acelerados e coordenados para elevar o potencial
da CEMAC de forma significativa e duradoura".Na
abertura da cimeira dos chefes de Estado e de Governo da região, na
segunda-feira, o presidente dos Camarões apelou a uma "ação urgente"
para fazer face à situação económica preocupante da CEMAC."Os
nossos ativos externos líquidos diminuíram consideravelmente; esta
situação é preocupante e exige uma ação urgente da nossa parte para
inverter esta curva", advertiu Paul Biya na sua primeira intervenção
pública desde o regresso aos Camarões, em 21 de outubro.No
discurso, citado pela agência francesa de notícias France-Presse (AFP),
Biya acrescentou: "Se nada for feito, poderemos enfrentar consequências
desastrosas tanto para os nossos países, como para a nossa sub-região".Enquanto
os Presidentes da República Centro-Africana, do Gabão e da Guiné
Equatorial estavam presentes, o Chade acabou por delegar a representação
no seu ministro das Finanças, Tahir Hamid Nguilin, e a república
Democrática do Congo enviou o seu primeiro-ministro, Anatole Collinet
Makosso, para participarem nestes debates, que contam com a presença de
representantes de instituições multilaterais de desenvolvimento.“Os
muitos choques exógenos e endógenos da última década não tiveram um
efeito adverso na nossa comunidade”, afirmou Faustin Archange Touadéra,
Presidente da República Centro-Africana e atual Presidente da CEMAC, na
inauguração oficial.A CEMAC “demonstrou
ser resiliente face às grandes flutuações dos preços dos produtos de
base, às crises sanitárias e de segurança sem precedentes, aos efeitos
devastadores das alterações climáticas e à escassez de financiamento”,
vincou.