Fixação da prestação pode agravar em 3.000 euros valor total pago por crédito de 150 mil euros
31 de out. de 2023, 17:16
— Lusa
Segundo
a simulação da Deco/Proteste para a Lusa, um empréstimo de 150 mil
euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1,25% e
indexado à Euribor a seis meses, tem uma prestação atual de 831,09 euros
e aderindo à moratória passará a pagar 722,28 euros, ou seja, pagará
menos 108,82 euros por mês.Assim, durante
os dois anos de fixação da prestação pagará menos 2.611,65 euros. Já
quando passar a pagar a prestação ‘normal’ juntamente com o capital
diferido a prestação mensal passa a 850,87 euros.No
total do crédito, a Deco/Proteste indica que o custo adicional em
juros, no total do contrato, de um cliente com este crédito aderir à
moratória é de 3.082,13 euros.Já um
empréstimo de 250 mil euros a 35 anos, com um spread (margem comercial
do banco) de 1% e indexado à Euribor a 12 meses tem atualmente uma
prestação de 1.285,58 euros e aderindo à moratória passará a 1.080,26
euros, ou seja, pagará menos 205,32 euros por mês.Assim,
durante os dois anos de fixação da prestação pagará menos 4.927,67
euros. Já quando passar a pagar a prestação ‘normal’ juntamente com o
capital diferido a prestação passa a 1.319,10 euros.No
total deste crédito, a Deco/Proteste indica que o custo adicional de um
cliente com este crédito aderir à moratória é de 6.738,37 euros.Esta
quinta-feira (02 de novembro), entra em vigor a lei do Governo pela
qual as famílias podem pedir ao banco que a sua prestação do crédito
habitação seja fixa por um período de dois anos e por um valor mais
baixo do que o atual. A redução da prestação acontece porque, no seu
cálculo, é contabilizada uma taxa de juro implícita que não ultrapasse
os 70% da Euribor a seis meses.Por
exemplo, se a prestação 'original' do crédito for calculada tendo em
conta os 4,1% da Euribor a seis meses já na nova prestação (com o
desconto de 30%) o indexante passa a ser de 2,85%.O
montante correspondente à diferença entre a prestação devida e a
prestação paga é diferido no equivalente em capital. Esse montante será
somado à dívida do empréstimo e os clientes terão de pagar mais à
frente, sendo que, nessa altura, se somará a taxa de juro que então
estiver em vigor.As duas simulações feitas
para a Lusa pela Deco/Proteste têm como pressuposto de que as taxas de
juro se manterão nos níveis atuais, pelo que, se as taxas de juro vierem
a baixar, o agravamento no total do crédito será menor e se as taxas
aumentarem o agravamento será maior."É
muito útil para as famílias com taxas de esforço muito elevadas. É como
um custo de oportunidade de ter liquidez imediata", afirmou à Lusa o
economista da Deco/Proteste Nuno Rico, acrescentando, contudo, que para
as famílias que podem pagar a prestação atual "não justifica aderir a
este mecanismo porque tem um custo acrescido no total".Esta
segunda-feira, numa publicação no Portal do Cliente Bancário, o Banco
de Portugal disse que a adesão a este regime implica que "o montante
total de juros a pagar será sempre superior".Os
clientes que acederem a este mecanismo ficam durante dois anos a pagar
uma prestação fixa mais baixa. Após esses dois anos, nos quatro anos
seguintes, a prestação assume o seu valor 'normal' (com o indexante do
momento totalmente refletido). Terminados estes quatro anos, os clientes
vão pagar nos anos restantes do empréstimo o valor não pago enquanto
beneficiaram da referida redução.Já para contratos de crédito que vençam em menos de seis anos o montante é pago nos últimos dois anos do contrato.O
montante diferido pode ser amortizado antecipadamente, sem qualquer
comissão ou encargo. E o acesso a este mecanismo também não impede os
clientes de amortizarem antecipadamente o crédito (parcial ou
totalmente) sem penalizações.