Finlândia implementa proibição de entrada a turistas russos
Ucrânia
29 de set. de 2022, 12:53
— Lusa/AO Online
A medida
anunciada na semana passada vai entrar hoje em vigor à meia-noite (hora
local) e pretende restringir o fluxo de cidadãos russos que entram na
Finlândia, a maior parte dos quais segue depois viagem para outros
países do bloco europeu. Para o governo de
Helsínquia, a chegada de um grande número de cidadãos russos "pode
prejudicar a posição da Finlândia a nível internacional". A Rússia e a Finlândia partilham uma fronteira de 1340 quilómetros.A mesma medida foi aplicada, nas últimas semanas, pelas três república bálticas (Estónia, Letónia e Lituânia) e pela Polónia."As
restrições vão manter-se em vigor até nova ordem. Esta medida tem como
objetivo deter por completo o turismo russo na Finlândia e o trânsito
dos turistas russos através do nosso país", disse o ministro dos
Negócios Estrangeiros finlandês, Pekka Haavisto, em conferência de
imprensa.A medida não vai afetar os
viajantes russos que precisam de se deslocar à Finlândia "por motivos
especiais", tais como visitas a familiares residentes no país, estudos,
trabalho ou por razões humanitárias. De
acordo com o governo, as restrições também não se aplicam a diplomatas
da Rússia, cidadãos russos que tenham autorização de residência no país
ou a requerentes de asilo político. Com
as ligações aéreas e ferroviárias cortadas - no quadro das sanções
decretadas pela União Europeia contra Moscovo - e com as restrições em
vigor nas três repúblicas bálticas e na Polónia, a Finlândia era o único
ponto de entrada de cidadãos russos no bloco europeu.De
acordo com os dados da Guarda Fronteiriça da Finlândia, 55.362 cidadãos
russos entraram no país desde que o Presidente da Rússia, Vladimir
Putin, decretou na semana passada a mobilização de 300 mil reservistas,
que devem ser incorporados nas forças presentes na campanha militar
contra a Ucrânia. Este valor aumentou em
86 por cento (mais 29.703 pessoas) as chegadas de russos à Finlândia
comparativamente aos valores registados antes da mobilização dos
reservistas. O executivo de Helsínquia
recebeu numerosas críticas a nível nacional e internacional por permitir
o trânsito fronteiriço com a Rússia, apesar da invasão russa da Ucrânia
iniciada a 24 de fevereiro. A pressão
política obrigou o Executivo liderado pela social-democrata Sana Marin a
encontrar um mecanismo legal para bloquear o turismo sem violar o
acordo de Schengen. Os serviços de
segurança finlandeses não consideram que a chegada de turistas russos
seja uma ameaça para a Finlândia, como alegam os países bálticos e a
Polónia, e, por isso, tiveram de encontrar um "outro argumento legal".Por
isso, Helsínquia passou a encarar o turismo russo, no contexto da
guerra na Ucrânia, como um fator que "pode prejudicar de forma grave as
relações internacionais" da Finlândia.