Festival Tremor transmite mensagem de inclusão em espetáculo no primeiro dia
10 de abr. de 2019, 12:20
— Lusa/Susete Rodrigues
A
sexta edição começou na terça-feira com um espetáculo que juntou em
palco alunos e professores da Escola de Música de Rabo de Peixe, utentes
da Associação de Surdos da Ilha de São Miguel e músicos locais, com a
coordenação e participação do projeto de intervenção artística
Ondamarela.O espetáculo encheu o Teatro Micaelense para uma performance que pedia ao público
para tirar “a mensagem da garrafa” e mostrou que “nenhum homem é uma
ilha”, o lema que foi gritado e sussurrado por todos.Em
declarações à agência Lusa, Ricardo Baptista, cofundador do projeto
Ondamarela, já tinha explicado que a música foi “o ponto de partida”
para o “imaginário” criado para a abertura do festival, “porque a música
é universal, mesmo para surdos”, mas também a linguagem gestual e a
poesia assumiram um papel fundamental no espetáculo.A
ideia era que este espetáculo deixasse “uma mensagem forte” e que
tentasse “passar a ideia de que o Tremor é um grito, uma mensagem, que a
ilha deixa numa garrafa e atira ao Atlântico”. Já
antes do concerto, o codiretor do festival, António Pedro Lopes, tinha
passado algumas máximas do festival, sendo a primeira delas todas “dar
espaço ao outro”. A ideia concretiza-se de uma forma prática, “dando
boleia ou deixando os mais pequenos irem para a frente nos concertos”,
mas também através de um tema que rege o festival já há quatro anos e
que promove a inclusão.“The future is
female” (“o futuro é feminino”, em tradução livre do inglês) é o título
escolhido este ano para um lema que já é seguido há quatro anos e que se
materializa em colaboração com a Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa
e a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.Sobre
o tema “The future is female”, esclareceu que “a ideia é celebrar a
igualdade de género, além dos esquemas binários, de ser homem ou mulher,
até mesmo da forma como as mulheres ou artistas que se pensam ou se
tomam no feminino utilizam o seu trabalho para veicular outra ideia de
corpo, outra ideia de organização do mundo que não seja cingida a isso”.Por seu turno, José Manuel Bolieiro, presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada afirmou que o festival Tremor é uma “experiência de cultura e de amizade” que “enaltece Ponta Delgada, os Açores e o País”.
Na sessão de abertura do evento, o autarca sustentou, citado em nota, que o Tremor é um
“ato cultural”, que “permite a descoberta de novos talentos e imprime
outra dinâmica” nas ilhas de São Miguel e de Santa Maria.
O
edil destacou, igualmente, a adesão e a projeção mediática do
Tremor nos contextos nacional e internacional, dando conta da
capacidade organizativa do festival que se realiza pelo sexto ano
consecutivo, apresentando-se como um motivo de orgulho e de
expectativa: “o orgulho pelo que o Tremor já realizou em Ponta
Delgada, na ilha de São Miguel, e em Santa Maria e a expectativa de
que, se no ano passado foi bom, este ano será ainda melhor”.
Presente na sessão de abertura esteve também o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Alexandre Gaudêncio, que afirmou na ocasião, que o Tremor "é um festival diferenciador, dinâmico e cada vez mais
pujante, que se afirma a cada ano que passa”.Satisfeito
com o resultado da parceria iniciada no ano passado e que mereceu
replicação no corrente, o autarca da Ribeira Grande, citado em comunicado, referiu ainda que "não
restam dúvidas de que este é um festival que congrega vários
quadrantes da música e que combina estilos diferentes com propósitos
bem vincados: elevar a música e oferecer um cartaz cultural rico que
extravasa os limites do que estamos habituados a ver”.O edil
elogiou também a envolvência que o Tremor oferece a várias
associações culturais da ilha, colocando enfoque naquelas que têm
sede na Ribeira Grande. “É um gosto ver muita gente do concelho
envolvida”, destacou, nomeadamente associações locais que
promovem a integração de jovens na sociedade.
O festival prossegue, até
sábado, espalhando-se pela ilha de São Miguel durante os próximos dias,
e dando também um salto a Santa Maria, na sexta-feira. Ao
todo, serão mais de 50 os artistas que ocuparão "as principais salas de
Ponta Delgada e Ribeira Grande, assim como espaços informais, comércio
local e pontos de interesse cultural", com nomes como Jacco Gardner,
Bulimundo, Grails, Haley Heynderickx, Lafawndah, Hailu Mergia, Lula Pena
e Pop Dell'Arte.