Festival de artes açoriano Walk&Talk regressa com excursões e uma maratona
25 de jun. de 2021, 18:59
— Lusa/AO online
Dez
anos volvidos desde a primeira edição do festival de arte micaelense, a
pandemia de covid-19 forçou a um interlúdio, que chegou, em 2020, na
forma de edição 9.5, um formato híbrido entre o presencial e o ‘online’.A
celebração surge um ano mais tarde, em 2021, com uma décima edição
plena, que regressa à “fisicalidade do festival”, refletindo sobre o
“que pode ser um lugar de convite num contexto de arte contemporânea” e a
desconstrução e desmistificação “desses lugares e dos rituais, dos
protocolos que estão associados às artes visuais, no sentido de criar
abrangência e trazer as pessoas para uma excursão”, explica à Lusa Jesse
James, co-diretor artístico.Entre
15 e 24 de julho, o festival regressa a São Miguel, com exposições,
arte pública, espetáculos e performances, que podem ser visitados
livremente ou através das excursões diárias, criadas pelas Talkie
Walkie, um grupo do Porto que desenha circuitos culturais para turistas.Os
formatos são variados e implicam diferentes níveis de compromisso. As
excursões podem durar entre três a oito horas, acontecer de dia ou de
noite e podem ser feitas a pé, de bicicleta, ou envolver deslocações de
autocarro.“A
ideia é garantir uma situação em que vais ver uma exposição, a seguir
vais dar um mergulho, depois vais comer e, se calhar, vês um espetáculo,
depois ainda conheces alguém, um geólogo da Universidade dos Açores,
que vai partilhar contigo mais informação, sempre em relação com os
projetos, mas também a partir da ilha”, adianta Jesse James.Apesar
de todas serem “’kid friendly’”, há "uma excursão a pensar num público
mais jovem”, que foi “desenhada em especial para pais e filhos, tem uma
outra escala e outras dinâmicas”, revela Sofia Carolina Botelho,
co-diretora artística.Para
conhecer as peças todas do festival, é necessário “participar em todas
as excursões”, mas “vai valer 'super' a pena”, confessa a responsável.Admitindo que essa não é uma possibilidade para todos, convida também as pessoas a explorarem individualmente os espaços.Jesse
James refere que, apesar de haver excursões que coincidem com o horário
laboral, houve o cuidado de não “sobrecarregar a experiência e ter
espaço”, procurando “gerar um equilíbrio na experiência”, que tem “uma
dimensão de lazer e de ócio, muito presente na estrutura das excursões”.Esta
versão do festival reflete também um amadurecimento feito ao longo de
dez anos: “Uma das coisas em que estamos a pensar muito é como é que
abrandamos a programação do festival. Não no sentido de fazer menos
coisas, mas de dar espaço às coisas, e ao público também, para o público
não se sentir apressado”, afirma o organizador.Mas
abrandar não é parar, e a organização traz, este ano, uma maratona, que
acontece no último dia do festival. Uma iniciativa proposta pelo Ilhas
Studio, organizada pelo Azores Trail Run e que conta com o apoio da
Associação de Atletismo de São Miguel.A
esta corrida associam-se várias entidades, como a AMAR, a APAV, a
Solidaried’arte, a Amnistia Internacional e a Arrisca, para “agrupar
essas pessoas e gerar um espaço de manifesto e um espaço onde devemos
falar sobre causas e situações que nos afligem, que nos preocupam, sejam
os direitos gay, seja a questão feminista, a dimensão ecológica, a
questão do colonialismo, etc.”, a ideia é “levar ao peito a causa que
nos move”, esclarece Jesse.O
percurso total é de 42 quilómetros, com partida nas Sete Cidades e meta
no 'skatepark' da Relva, mas há também uma meia-maratona e etapas mais
curtas.Há ainda uma mini-maratona, “para os mais jovens e os menos resistentes”, ressalva Sofia Carolina Botelho.A
décima edição do Walk&Talk acontece de 15 a 24 de julho, em São
Miguel e apresenta os trabalhos de Abbas Akhavan, Alex Farrar, Alice dos
Reis, Catarina Miranda, Danny Bracken, Diogo Lima, Eneida Tavares,
Flávio Rodrigues, Gustavo Ciríaco, Ilhas Estúdio, Joana Franco, João
Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira, João Xará, Luís Senra, Luísa
Salvador, Mané Pacheco, Margarida Fragueiro, Miguel Flor, Nadia
Belerique, Pedro Maia & Lucy Railton, Sofia Caetano e Tropa Macaca.