“Festa. Fúria. Femina” no Arquipélago para celebrar a “riqueza” da arte contemporânea
20 de mai. de 2022, 16:33
— Lusa/AO Online
Os
curadores, Sandra Vieira Jürgens e António Pinto Ribeiro, realçaram que a
exposição procura valorizar a coleção de arte da Fundação
Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).Considerando
que a coleção “estava um pouco esquecida”, Jürgens enalteceu o
“trabalho de renovação e ativação da imagem” do acervo da FLAD (iniciado
em 1986 por Manuel Castro Caldas).“[Quisemos]
mostrar essa diversidade de obras, a sua riqueza e pluralidade. Estão
aqui muitos nomes da arte, desde a primeira obra, que é dos anos 1940,
até à atualidade. Nesse sentido quisemos mostrar essa ideia de como é
que a arte pode estar tão presente no nosso dia-a-dia”, afirmou.Com
146 obras de 66 autores de várias gerações, estão presentes na
exposição artistas como Paula Rego, Júlio Pomar, Julião Sarmento, Helena
Almeida, Rui Chafes, Gaëtan, Manuel Lagarto, Bárbara Assis Pacheco,
Pedro Cabrita Reis, Susanne Themlitz, Pedro Portugal ou Michael
Biberstein.“A exposição permite ter um conhecimento muito bom sobre o estado da arte em Portugal”, considerou Sandra Vieira Jürgens.A
curadora destacou ainda a presença das mulheres na exposição, uma forma
de “tornar o discurso, o trabalho e o projeto artístico” feminino “mais
presente na arte” em Portugal.Ao
longo das salas do Arquipélago e através de desenhos, pinturas,
fotografias e esculturas, são evocados temas como o colonialismo, o
corpo, a sexualidade, a natureza, a mulher e a própria criação
artística.António
Pinto Ribeiro disse que o “mais difícil” no trabalho de curadoria foi
selecionar as obras da exposição, uma vez que a coleção da FLAD é
composta por 1.027 peças.“Foi
um trabalho laborioso, de muitos meses, para chegar a um equilíbrio na
participação tanto quanto possível, paritária de artistas e não só por
serem artistas mulheres ou homens”, assinalou.E
acrescentou: “a história da arte é uma história de enigmas. Mesmo
quando é pintura figurativa ou realista, há uma dimensão enigmática”.Associado
à exposição, o Arquipélago vai organizar visitas guiadas e
“visitas-oficina” para alunos de todos os ciclos de ensino de São
Miguel, formações de desenho com artistas da coleção, aulas abertas com
os curadores e uma escola de verão para alunos do ensino secundário e
ensino superior.“Um
museu vive disso. Um museu não vive só de obras e dos artistas. Há todo
um núcleo de profissionais para que as exposições possam ser
desenvolvidas e levadas da melhor forma a diversos públicos”, advogou
Jürgens.