Fesap admite "verão quente" se Governo não ouvir os sindicatos
13 de mai. de 2024, 14:56
— Lusa/AO Online
“Estamos
muitíssimo preocupados e, se não se verificarem evoluções nos próximos
tempos, certamente vamos ter um verão quente, com muitos protestos e
lutas, porque estamos praticamente no fim de maio e temos carreiras,
como a dos trabalhadores da reinserção social, que não têm ainda
sinalizado sequer um processo de revisão da carreira”, afirmou o
presidente da Fesap, José Abraão, numa conferência de imprensa, em Angra
do Heroísmo, nos Açores.O novo executivo da Aliança Democrática (AD), liderado por Luís Montenegro, tomou posse no dia 02 de abril.A
Fesap pediu reuniões com 10 ministérios há, “pelo menos duas semanas”,
mas tem apenas uma agendada com o Secretário de Estado das Autarquias,
na terça-feira.Os ministérios da Saúde e da Justiça ainda não marcaram reuniões, mas responderam à Fesap, o que não aconteceu com os restantes.José
Abraão fala em “desrespeito pelas organizações sindicais e pelos
trabalhadores”, alegando que o executivo teve tempo para as ordens
profissionais.“Vai-se dando prioridade às
ordens profissionais, que pouco ou nada têm a ver com a negociação
coletiva e, por isso, é uma reivindicação do Sintap e da Fesap o
respeito pela negociação coletiva, que se mantenha no mínimo o ritmo que
trazíamos até aqui”, vincou.O presidente
da Fesap apelou para que o Governo ouça os sindicatos “nos próximos
dias” e “estabeleça um compromisso negocial”, caso contrário admitiu o
recurso a greves e protestos.“Não vão
faltar muitos dias, pela pressão que os trabalhadores fazem sobre nós,
para que estejamos à porta de alguns ministérios ou serviços, para que
isso possa ter algumas consequências”, apontou.José
Abraão reconheceu que o executivo está há pouco tempo em funções, mas
lembrou que algumas das reivindicações dos trabalhadores se arrastam há
“muito tempo” e que a insatisfação vai crescendo.“Estamos
no limbo, na expectativa de que o Governo reúna com a Fesap e com os
sindicatos, com o objetivo de que estes problemas se vão resolvendo. Não
queremos tudo de uma vez, mas é preciso induzir previsibilidade e
confiança. É isto que neste momento ainda não temos”, explicou.Entre
as reivindicações da Fesap estão a agilização da mudança de progressão
remuneratória, resultante da revisão do sistema de avaliação, para que
ocorra “em janeiro de 2025”, e a negociação das carreiras não revistas
de inspetores do Trabalho, da Segurança Social e das Pescas, guardas
prisionais e técnicos superiores da saúde, entre outros.A
federação insiste ainda na reposição dos 25 dias de férias e na revisão
do valor das ajudas de custo e defende uma redução do Imposto sobre o
Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) que abranja “todos os
trabalhadores e não só aqueles que mais ganham”.“Os
trabalhadores com os rendimentos mais baixos não podem ouvir dizer que a
redução vai significar um euro e meio ou dois”, vincou o presidente da
Fesap.José Abraão manifestou também uma
“enorme preocupação” pelo facto de a administração pública estar agora
dependente de vários ministérios, alegando que vai exigir “capacidade de
coordenação política e negocial” do Governo.