Ferro considera que portugueses recuperaram o orgulho numa democracia “sem mordaças”
Tomada de Posse
9 de mar. de 2021, 11:41
— Lusa/AO Online
"Os
cinco anos de mandato de vossa excelência foram repletos de momentos
marcantes", declarou Ferro Rodrigues a meio do seu discurso,
dirigindo-se a Marcelo Rebelo de Sousa, momentos antes de este ser
empossado pela segunda vez no cargo de Presidente da República.
Nesta parte do seu discurso, com o primeiro-ministro, António Costa a
ouvi-lo, o presidente da Assembleia da República elogiou o papel
"moderador" desempenhado por Marcelo Rebelo de Sousa e referiu que,
desde 09 de março de 2016, se assistiu em Portugal à "reposição de
direitos e garantias que haviam sido retirados na sequência da
intervenção da troika", mas também a um "esvaziamento da tensão social e
até institucional que existia", com o país a entrar "numa trajetória
positiva, superando com êxito a grave crise económica e financeira que
até então se vivia e conseguindo mesmo o primeiro excedente orçamental
em democracia". "Também em termos
internacionais, foram assinaláveis os sucessos alcançados, nas frentes
diplomática, cultural e desportiva. Neste particular, não poderia deixar
de recordar a eleição de António Guterres como secretário-geral das
Nações Unidas, eleição que se deveu às muitas e diversificadas
qualidades do candidato, mas, igualmente, do prestígio de que
beneficiamos, enquanto povo e enquanto nação de matriz universal",
advogou. De acordo com Ferro Rodrigues,
nos últimos cinco anos, "Portugal recuperou prestígio, tornou-se uma
referência e um destino preferencial". "E
nós retomámos o orgulho de sermos Portugueses. A estes sucessos não foi
alheio o prestimoso contributo de vossa excelência. Durante estes anos,
realizaram-se, em normalidade democrática, eleições legislativas,
regionais e autárquicas, bem como europeias, tendo, em alguns casos,
resultado reconfigurações do panorama político, com o surgimento de
novas forças políticas", defendeu. Do
ponto de vista do regime, segundo o antigo líder do PS, a democracia
"tornou-se mais diversa e inclusiva, com uma representatividade
acrescida, reveladora de um Portugal com um pleno sentido da liberdade,
sem restrições ou mordaças"."Infelizmente,
verificaram-se também alguns acontecimentos particularmente dramáticos,
que testaram as nossas capacidades políticas e mesmo éticas",
contrapôs, numa alusão aos incêndios de 2017 e a pandemia de covid-19, "A
estas catástrofes foi, porém, possível evitar somar uma crise política,
a qual teria sérias consequências, não só a nível interno, mas também
ao nível da imagem externa de Portugal. O papel moderador que vossa
excelência desempenhou em ambas as situações - sob grande pressão,
sublinhe-se - foi crucial para garantir estabilidade política e
assegurar o regular funcionamento das instituições", frisou o presidente
da Assembleia da República.Para Ferro
Rodrigues, nos próximos tempos, o parlamento "terá um papel essencial"
no sentido de "garantir a boa utilização dos dinheiros públicos e dos
fundos europeus, que a recuperação prevista não deixe ninguém para trás,
que sejam asseguradas mais oportunidades de ascensão social sem a qual
não há desenvolvimento". "Neste desafio,
Portugal conta com a solidariedade e o contributo da União Europeia, que
tem tido um papel fundamental na articulação e na mobilização dos meios
necessários para uma resposta europeia comum ao surto de coronavírus,
não só na saúde pública, mas também na redução do impacto socioeconómico
devastador desta pandemia", acrescentou.