Política
Ferreira Leite pergunta se "não é bom haver seis meses sem democracia"
A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, perguntou se “não é bom haver seis meses sem democracia” para “pôr tudo na ordem”, a propósito da reforma do sistema de justiça.

Autor: Lusa/AOonline
No final de um almoço promovido pela Câmara de Comércio Luso-Americana, Manuela Ferreira Leite elegeu a reforma do sistema de justiça “como primeira prioridade” para ajudar as empresas portuguesas.

    Questionada sobre o que faria para melhorar o sistema de justiça, a presidente do PSD demarcou-se da atitude do primeiro-ministro, José Sócrates, que “na tomada de posse anunciou como grande medida reduzir as férias do juiz”.

    Defendendo a ideia de que não se deve tentar fazer reformas contra as classes profissionais, Manuela Ferreira Leite declarou: “Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia…” – fazendo nessa altura uma pausa e deixando a frase por concluir.

    “Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se”, observou em seguida a presidente do PSD, acrescentando: “E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia”.

    “Agora, em democracia efectivamente não se pode hostilizar uma classe profissional para de seguida ter a opinião pública contra essa classe profissional e então depois entrar a reformar – porque nessa altura estão eles todos contra. Não é possível fazer uma reforma da justiça sem os juízes, fazer uma reforma da saúde sem os médicos”, completou Manuela Ferreira Leite.

    A presidente do PSD disse que a última coisa que faria num discurso de posse como primeira-ministra seria “atacar fosse quem fosse” e acusou o Governo de ter falhado as reformas da educação, saúde, Administração Pública e justiça.

    “Qualquer político que pretenda alterar um sistema não o pode fazer contra esse sistema. Portanto, eu acho que estão arrumadas, no mau sentido, as reformas da educação, saúde, Administração Pública, justiça. Fizeram-se umas coisitas, mas não é a reforma”, considerou.

    À saída do almoço-debate, Manuela Ferreira Leite não quis responder às perguntas dos jornalistas, que tentaram questioná-la sobre as suas declarações relativas à democracia.

    A presidente do PSD apenas respondeu à primeira questão, sobre o ministro da Agricultura, Jaime Silva, dizendo que mantém todas as críticas que fez à política agrícola do Governo: “Não retiro uma vírgula àquilo que disse”.