Fernando Pinto aponta “perfil algo conflituoso” de Alexandra Reis e destaca competência
TAP
21 de jun. de 2023, 08:28
— Lusa/AO Online
Nas
respostas que enviou à comissão parlamentar de inquérito à TAP, e às
quais a agência Lusa teve hoje acesso, Fernando Pinto recorda que
Alexandra Reis foi admitida num processo de seleção no qual o antigo
presidente também participou. “Por um
lado, entendo que, como responsável pela área das compras da empresa,
foi uma pessoa extremamente focada e que teve um bom desempenho na minha
época. Por outro lado, sei que era percecionada como tendo um perfil
algo conflituoso”, admite. No entanto,
enquanto esteve nas funções de presidente executivo, Fernando Pinto
assinala que pôde “constatar a competência” de Alexandra Reis.Foi
a polémica indemnização de 500.000 euros a Alexandra Reis que esteve na
origem desta comissão de inquérito, um processo que motivou também a
saída do Governo de Pedro Nuno Santos e a demissão por justa causa dos
antigos presidentes da transportadora aérea.No
conjunto de respostas às mais de 100 perguntas dos deputados, Fernando
Pinto não concorda com a ideia que a anulação do contrato para a compra
de 12 aviões A350 da Airbus tenha lesado a TAP.Recordando
que quando o negócio foi feito inicialmente foi em condições de mercado
excecionais, ou seja, com um preço baixo, o antigo presidente ressalva
que “ao longo do tempo a especificação do avião foi mudando e o novo
modelo passou a não ser tão interessante para a TAP”. “A
Airbus tinha interesse em ficar com os A350 para outros clientes e,
portanto, interessou-se em fazer a troca dos modelos e até em injetar
algum dinheiro adicional na TAP atendendo não só a essa troca, mas
também às novas encomendas dos restantes modelos de aviões”, acrescenta.Na opinião de Fernando Pinto, os novos modelos adquiridos estão a ajudar hoje a empresa na sua recuperação.O
antigo presidente da TAP assegura aos deputados que este processo de
negociação dos aviões “foi debatido com a tutela, com a Parpública e a
Secretaria de Estado do Tesouro”, à qual reportaram toda a informação
que dispunham sobre a matéria.“Houve um
memorando jurídico da sociedade de advogados VdA que se pronunciou sobre
a compatibilidade do negócio com a lei”, enfatiza, reiterando que esta
operação foi benéfica para a TAP porque “permitiu ficar com aviões novos
e mais adequados e, além disso, obteve uma injeção de capital
fundamental para a sua atividade”. Fernando Pinto deixa ainda claro que a “TAP privatizada é a TAP” em que acredita. “Não
vejo grande benefício num comprador puramente financeiro. Qualquer
comprador deve ter uma noção muito forte da estratégia de tudo o que
envolve uma empresa aérea. Entendo que deve ser uma empresa que não
coloque em causa o Hub de Lisboa, pois é essencial para a atividade da
empresa”, defende.Já sobre a VEM Brasil, o
antigo presidente começa por recordar que toda esta matéria foi objeto
de prolongada investigação do Ministério Público, que decidiu arquivar o
processo por “inexistência de indícios criminais”.“Aos
olhos da época, entendo que foi uma boa opção para a TAP”, contrapôs,
explicando que então o negócio da manutenção “era dos melhores que
existiam numa empresa aérea” e que, na altura, ajudou a um
posicionamento relevante no mercado do Brasil e da América do Sul.No
entanto, Fernando Pinto assume que, como hoje se sabe, "a performance
económica da própria VEM não foi positiva e isso teve impacto nas contas
da TAP SGPS". Já sobre o conjunto de
questões a propósito da sua entrada na Atlantic Gateway antes da
conclusão da privatização, o antigo responsável é perentório: "nunca fui
convidado para integrar os seus órgãos sociais [da Atlantic Gateway] e
nunca exerci funções nessa empressa antes da privatização. Soube que
essa situação terá resultado de um erro, ao qual sou alheio. Tanto
quanto sei, esse erro acabou por ser corrigido".Em
relação à sua entrada nos referidos órgãos socais já depois do processo
concluído, Fernando Pinto recorda que se prendeu com uma exigência na
ANAC de ter alguém "com reconhecido conhecimento do transporte aéreo e
que tivesse nacionalidade europeia", requisitos cumulativos que nenhum
dos dois acionistas reunia.