Fernanda Ribeiro firme na saída da federação de atletismo após "humilhação" ao treinador
22 de dez. de 2021, 16:00
— Lusa/AO Online
“No
momento em que tomei a atitude no dia da gala, não tinha dúvidas. Vi
uma pessoa a ser humilhada, vi o treinador mais medalhado a ser
ignorado”, justificou a campeã olímpica dos 10.000 metros em Atlanta1996
e bronze em Sydney2000.Na Gala do
Centenário da FPA, João Campos não integrou o quarteto da eleição dos
melhores treinadores, composto por Moniz Pereira, João Ganso, José Uva e
Sameiro Araújo. “Não encontro nenhuma
explicação, porque não consigo entender como isto foi feito. Isto é o
centenário, por isso tem de ser para os melhores nestes 100 anos. É para
o melhor atleta, para o melhor treinador…”, exemplificou, revelando que
já recebeu vários telefonemas de outros técnicos em solidariedade com a
sua atitude.Fernanda Ribeiro recordou que
João Campos é o treinador mais medalhado – “ainda mais do que eu, pois
tem pódios com o Rui Silva, a Jéssica Augusto e por equipas nos Europeus
de cross” – pelo que defende que o facto de não estar nomeado entre os
melhores “é grave”.Apesar de ter ficado em “choque” com aquilo a que assistiu na gala, reiterou o “respeito” por todos os nomeados. “Atenção
que eu respeito todos os treinadores que lá estavam. Estamos a falar do
centenário e o João Campos, quer queiram, quer não, é o treinador com
mais medalhas. E basta”, reforçou a campeã do mundo dos 10.000 em 1995 e
da Europa em 1994. Fernanda Ribeiro
assumiu que o seu antigo técnico estava “triste” – “se eu senti que
estavam a ser injustos, imagino ele” -, contudo o seu estado de espírito
aliviou com a atitude da sua antiga atleta, que abandonou a gala e
anunciou a sua demissão da federação.“Já
lhe disse que o que ganhámos ninguém nos vai tirar ou deitar abaixo. Sei
o valor dele e ele o meu. Claro que ele estava muito em baixo, mas vi-o
agora mais feliz pela atitude que eu tomei. Não pensou que eu a ia
tomar, apesar de me conhecer perfeitamente. Senti-o um pouco mais feliz
porque viu que estou do lado dele”, contou.Fernanda
Ribeiro assumiu algum desgaste pelo facto de entender que a federação
não aproveita alguns dos seus contributos, pelo que, depois do sucedido,
“já não conseguia ser uma pessoa normal” nem se estava a “identificar”
no seio da instituição.Ainda assim, diz
que “nem tudo é mau” na FPA, reconhecendo que há “pessoas a tentar
mudar” coisas menos positivas e que entende estarem “no bom caminho” A
campeã olímpica lamenta o facto de os seus contributos e os de José
Regalo, igualmente ex-atleta e que também vive no Norte, não estarem a
ser devidamente aproveitados, considerando que se assim não fosse a FPA
poderia evitar alguns erros. Ribeiro
espera que, apesar da sua saída, o Norte não seja esquecido e que o
Centro de Alto Rendimento (CAR) da Maia seja dotado das condições de
trabalho necessárias ao seu estatuto.