“Em virtude dos últimos acontecimentos, e para que
não subjazam dúvidas quanto à imparcialidade do exercício das minhas
funções enquanto presidente do conselho de administração da Unidade de
Saúde da Ilha de S Miguel, venho por este meio informar que apresentei a
minha renúncia ao cargo”, escreve Fernanda Prates num comunicado
enviado à Lusa.No comunicado, Fernanda Prates refere que tomou a
decisão “em nome da transparência, seriedade, retidão e imparcialidade
que, entre outros valores, têm pautado” a sua atuação pessoal e
profissional.Na quinta-feira, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou a
detenção de quatro homens suspeitos de corrupção envolvendo organismos
do Serviço Regional de Saúde dos Açores.Segundo a PJ, os detidos,
entre os 46 e os 57 anos, têm "ligações profissionais às áreas médica,
de gestão e comercial", tendo ainda sido constituídos outros dois
arguidos.Entre os detidos está um familiar de Fernanda Prates,
empresário, e o delegado de saúde de Ponta Delgada, Paulo Margato, disse
à agência Lusa fonte ligada ao processo.Paulo Margato foi também diretor clínico do centro de saúde de Ponta Delgada, cargo que deixou em 31 de agosto a seu pedido.Os outros dois detidos são um empresário e um funcionário do hospital de Ponta Delgada. Todos
estão a ser presentes esta sexta-feira ao juiz de instrução criminal para primeiro
interrogatório e eventual aplicação de outras medidas de coação.No
decurso da operação da PJ, designada “Asclépio”, que ocorreu nas ilhas
de São Miguel e Terceira, foram realizadas 25 buscas, entre
domiciliárias e não domiciliárias, que envolveram todo o efetivo de
inspetores do departamento, dois inspetores da Unidade Nacional de
Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica e cinco magistrados,
referiu a PJ no comunicado.Além das detenções, foram
"apreendidos diversos equipamentos informáticos e de comunicações, bem
como acervo documental com interesse probatório, relacionado com a
prática das atividades criminosas em investigação".De acordo com a
PJ, estão em causa “práticas ilícitas que visavam obter posições
indevidas de privilégio na realização de contratos de fornecimento de
bens a organismos prestadores de serviços de saúde, a troco de
contrapartidas pecuniárias e outras, lesivas do interesse público".O
secretário regional da Saúde, Rui Luís, disse ter recebido "a carta de
renúncia", explicando que, como se trata de "uma carta de renúncia", não
está sujeita à aceitação do executivo açoriano. Rui Luís
esclareceu que o Governo Regional vai nomear brevemente um novo
presidente do conselho de administração da Unidade de Saúde de Ilha de
São Miguel.