FENPROF quer Governo comprometido com combate à precariedade no Ensino Superior
9 de nov. de 2022, 16:08
— Lusa/AO Online
“A precariedade no ensino
superior atinge níveis intoleráveis. Apesar das intenções já
manifestadas pela tutela, o número de docentes convidados cresce de ano
para ano, ultrapassando os limites legais consagrados nos estatutos das
carreiras docentes universitária e politécnica”, refere uma nota
divulgada pela estrutura sindical.A
situação, que “coloca milhares de docentes numa situação de grande
fragilidade, sujeitos a enormes abusos”, tem vindo a arrastar-se e a ser
denunciada pela FENPROF, que considera que “as instituições de ensino
superior não podem viver acima da lei”.Para
combater a precariedade, a federação de sindicatos considera ser
necessária “a abertura de concursos em número suficiente para assegurar
vínculos permanentes a funções permanentes”.Assinala
que “o recurso à figura do docente convidado tem vindo a crescer na
generalidade das instituições de ensino superior”, embora o seu peso nos
Institutos Politécnicos seja “muito superior” ao das Universidades.“No
Instituto Politécnico do Cávado e Ave, o número de docentes convidados
representa 79% do total de docentes” e no Instituto Politécnico de
Bragança 54%, enquanto na Universidade do Porto a sua percentagem é de
42% e na do Minho 33%, exemplifica.Reconhecendo
“como necessário e até benéfico” o recurso “a professores convidados em
situações específicas”, a FENPROF acusa as instituições de “recorrerem
abusivamente à figura de docentes convidados para satisfazer
necessidades permanentes”, principalmente “para obter trabalho docente a
custos reduzidos e assim ultrapassar constrangimentos financeiros, sem
respeito pela lei”.A este propósito, a
estrutura sindical pretende do ministério “a tomada de uma posição clara
(…) que ponha cobro às ilegalidades na contratação de convidados pelas
diversas instituições”, defendendo ainda alterações de artigos dos
Estatutos da Carreira Docente Universitário e da Carreira do Pessoal
Docente do Ensino Superior Politécnico para “clarificar a
obrigatoriedade de respeitar a proporcionalidade da carga letiva entre
docentes de carreira e contratados”.A
FENPROF adianta, a propósito, que “a Provedoria de Justiça reconheceu a
ilegalidade da contratação de convidados no caso da Universidade de
Coimbra e da Universidade do Porto” e a Secretaria-Geral da Educação e
Ciência “considerou ilegal a falta de proporcionalidade na carga horária
entre docentes de carreira e docentes convidados”.Na
reunião, a FENPROF irá entregar uma petição com as suas reivindicações,
que já enviou “aos partidos, solicitando a sua consideração na
apresentação de propostas de alteração à Proposta de Lei do Orçamento do
Estado para 2023”.