Fenprof marca protesto simbólico para quinta-feira junto à AR
OE2021
26 de out. de 2020, 17:20
— Lusa/AO Online
Em
conferência de imprensa na sede da estrutura sindical, em Lisboa, o
secretário-geral da Fenprof explicou que a iniciativa pretende juntar
dirigentes, delegados e ativistas em frente ao parlamento no dia em que a
proposta de OE2021 começa a ser discutida em sede de especialidade.“Vamos
fazê-lo no dia 29 e não no dia 30, em que está o ministro da Educação
[em audição na comissão parlamentar] porque é o primeiro dia dos
debates, porque está lá o ministro do Ensino Superior que também é da
nossa área, e porque no dia 30, havendo as limitações de circulação do
país, não queríamos estar a criar mais problemas”, justificou.O
protesto é motivado pela proposta de orçamento do Governo, que será
votada na generalidade na quarta-feira, e que no entender da Fenprof
ignora muitos dos principais problemas das escolas e dos professores.“É
um orçamento que não valoriza a Educação e passa completamente ao lado
daqueles que são os problemas dos professores. Não apresenta soluções
para os problemas, mesmo aqueles que reconhece e insiste em caminhos, na
nossa opinião, errados”, criticou Mário Nogueira.Uma
das principais falhas da proposta do Governo apontada pelos
representantes dos professores é o investimento na Educação, que em 2021
deverá representar 3,4% do PIB, um número que, para o secretário-geral
da Fenprof, traduz uma tendência de desvalorização contínua.Deixando
sobretudo críticas ao ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, o
dirigente sindical recordou a participação do ministro na reunião da
Educação Global promovida da UNESCO, na quinta-feira, em que subscreveu
uma declaração que prevê que os países destinem "pelo menos 4 a 6% de
seu PIB ou 15 a 20% de seus gastos públicos para a educação".“O
que é curioso é que o ministro da Educação de Portugal, que subscreve
esta declaração, tem desde que é responsável por orçamentos para a
Educação exatamente o procedimento contrário”, criticou Mário Nogueira.Neste
ponto, a Fenprof considera a situação ainda mais grave, uma vez que os
3,4% do PIB para a Educação incluem verbas provenientes de fundos
comunitários, uma novidade no formato da proposta de OE este ano.“São
553,5 milhões de euros que fazem com que a Educação continue a valer
apenas 3,4% e não caia mais. Porque se formos usar o critério dos
orçamentos anteriores, retirando o fundo europeu, há mesmo uma redução
para 3,2%”, explicou, acrescentando, por outro lado, que nem o valor
mínimo 15% de gastos públicos recomendado pela UNESCO o OE2021 atinge.A
proposta da estrutura sindical é, por isso, que até ao final da
legislatura em 2023 o setor atinja os 6% do PIB e que no próximo ano
chegue já aos 4%, o valor mínimo recomendado pela UNESCO.Esta
é uma das reivindicações que a Fenprof vai levar à Assembleia da
República na concentração de quinta-feira e que tem apresentado aos
grupos parlamentares, na expectativa de serem alvo de discussão durante a
fase de debate na especialidade, tendo também enviado um conjunto de
propostas ao Ministério da Educação, mas sem resposta até ao momento. Por
outro lado, reivindicam também a resolução de problemas da classe
docente, relacionados com a precariedade, a recuperação faseada do tempo
de serviço, e as condições de trabalho, e o problema do envelhecimento.“O
OE2021 reconhece o envelhecimento, diz que são necessárias medidas para
o combater, diz até que entre outras passará pela pré-reforma e pela
criação de condições de atratividade da profissão docente, mas depois
sobre o que é proposto para um e para o outro é completamente omisso”,
lamentou, sublinhando que este é um problema “muito complicado”, desde
logo pelo elevado número de docentes com 60 ou mais anos de idade
(12,67% do total).Durante a conferência de
imprensa, o secretário-geral afirmou ainda que a proposta do Governo
segue “caminhos errados”, referindo-se à municipalização (um processo
que foi sempre muito criticado pela Fenprof) e a dependência de fundos
comunitários.“Também é omissa em relação a
outras medidas, que já deviam ter sido tomadas e não foram e deveriam,
pelo menos, estar previstas”, acrescentou, apontando a criação de uma
rede pública de creches e o alargamento da rede de jardins de infância, a
eliminação dos mega-agrupamentos e a revisão do modelo de gestão das
escolas.O debate do Orçamento do Estado
para 2021 está agendado para terça-feira e quarta-feira no parlamento,
sendo votado, na generalidade, no último dia.