Fenprof diz que novo regime de mobilidade por doença é "perverso"
3 de jun. de 2022, 16:35
— Lusa/AO Online
O Conselho de
Ministros anunciou na quinta-feira a aprovação de um decreto-lei que
altera o regime que permite aos professores com doenças incapacitantes,
ou familiares próximos nessa situação, mudar para uma escola mais
próxima.As novas regras, que entram em
vigor já no próximo ano letivo, definem uma área geográfica a partir da
qual os docentes podem pedir a mudança de escola e fazem depender a sua
colocação da capacidade de acolhimento dos estabelecimentos de ensino.Em
reação à aprovação do diploma, a Fenprof considerou hoje que as
alterações ao regime são perversas, argumentando que os critérios
introduzidos vão acabar por “penalizar muitos dos professores que, por
razões de doença, mais necessitavam de ser deslocados”.“Para
a Fenprof, de imediato, o mais importante seria criar meios de
fiscalização/comprovação das situações existentes e aprovar mecanismos
que, efetivamente, garantissem a mobilidade de todos os que
necessitassem”, escrevem em comunicado.A
federação sindical já se tinha manifestado contra a intenção do Governo,
tendo rejeitado todas as alterações apresentadas pela tutela ao longo
das três reuniões negociais, na última das quais entregou ao Ministério
da Educação um conjunto de propostas alternativas.Com
a medida agora oficialmente aprovada pelo Conselho de Ministros, a
Fenprof assegura que irá apoiar os professores com doenças
incapacitantes, promovendo iniciativas junto das delegações regionais da
Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares onde haja professores que
não conseguiram colocação numa escola próxima de casa ou de onde recebem
tratamento e acompanhamento médico.Referem
também que já contactaram a Presidência da República e os grupos
parlamentares, para alertar “para os aspetos perversos deste novo regime
e solicitando a sua eventual alteração”.Além
da Fenprof, também a Associação Sindical de Professores Licenciados
(ASPL) já se manifestou contra a aprovação do novo regime que
classificou como “uma corrida de obstáculos” para os professores com
doenças incapacitantes.“A ASPL lamenta a
aprovação em Conselho de Ministros de legislação que não só é
desadequada para cumprir os objetivos que o governo se propõe (…) como
será altamente injusta”, escreve a associação, que considera ainda que a
medida será também “altamente lesiva para o sistema público, pois
empurra para baixas médicas muitos professores que farão falta no
próximo ano letivo”.Durante a apresentação
do diploma, em conferência de imprensa no final da reunião do Conselho
de Ministros, o ministro da Educação justificou as alterações,
explicando que o objetivo era o equilíbrio entre a proteção dos docentes
e “uma distribuição mais eficaz e racional dos recursos humanos”.