Fenprof acusa Governo de preferir "disputa entre escolas” a melhorias no ensino
19 de jul. de 2024, 16:19
— Lusa/AO Online
Numa reação ao
anúncio feito pela equipa liderada pelo ministro da Educação, Ciência e
Inovação, Fernando Alexandre, relativamente ao novo modelo de avaliação
externa dos alunos, a Fenprof considera que “se trata de uma mudança de
forma, mas que, na prática mantém tudo na mesma”.Na
quinta-feira, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, anunciou o
fim das provas de aferição do 2.º, 5.º e 8.º anos e o regresso das
provas no final dos 1.º e 2.º ciclos (no 4.º e 6.º anos).As
provas de monitorização de aprendizagens (ModA) continuam sem contar
para a nota final dos alunos, mas terão novidades, como o facto de os
enunciados deixarem de ser divulgados para que alguns dos itens possam
ser repetidos todos os anos e assim possam ser comparáveis ao longo dos
anos, sendo possível perceber a evolução do trabalho feito pelas escolas
e alunos, defendeu o ministro.Para a
Fenprof, estas políticas revelam que o ministério parece ter como
objetivo “a disputa entre escolas e a publicitação e competição dos
resultados” em vez “de tentar que perceber o que está mal para
melhorar”.Em comunicado, a Fenprof defende
que a melhoria das aprendizagens nas escolas depende das condições de
trabalho e não da existência de exames ou provas de final de ciclo.As
provas do 4.º e 6.º anos a três disciplinas — Português, Matemática e
outra disciplina rotativa a cada três anos - serão feitas em formato
digital, estando prevista a realização de testes nas escolas já entre os
meses de janeiro e fevereiro, para que possam ser detetadas e
corrigidas eventuais falhas.Os resultados
dos alunos ficam registados numa ficha individual e serão enviados para
as escolas antes do início do ano letivo seguinte, para que os
professores possam preparar o novo ano.Em
novembro, os serviços do ministério divulgam um relatório anual dos
resultados dessas provas, o que irá permitir fazer comparações entre
escolas e municípios e, no futuro, perceber a evolução das
aprendizagens, uma vez que há itens praticamente iguais todos os anos.A
Fenprof questiona como é que o ministério espera conseguir manter
confidenciais os enunciados para se repetirem em anos seguintes e “quem
irá digitalizar as respostas dos alunos do ensino secundário que farão
os exames em papel”: “Decerto não serão os professores, já hoje tão
sobrecarregados de trabalho”,avisa.A
digitalização dos exames do ensino secundário é outras das novidades do
novo modelo de avaliação externa que tem como objetivo garantir que a
avaliação dos exames, que servem de acesso para o ensino superior, seja
feita de forma mais justa.O ministro da
Educação explicou que a ideia é que os professores avaliadores passem a
corrigir apenas alguns itens de muito mais provas em vez de ficarem com a
totalidade dos exames de um grupo de alunos.Com
este modelo, o ministério acredita que a classificação será mais justa e
serão menos as hipóteses de um aluno ter uma avaliação diferente
consoante o professor avaliador que corrige a sua prova.Para
a Fenprof, “as medidas anunciadas parecem confirmar que voltámos ao
tempo em que os governantes consideram que a melhoria das aprendizagens
se consegue com a realização de provas e exames e a publicitação de
mapas comparativos dos resultados”.Para a
maior estrutura sindical representativa dos professores, “a melhoria das
aprendizagens dos alunos será sempre resultado da melhoria das
condições de trabalho nas escolas que promovem essas aprendizagens:
professores em número necessário, menos alunos por turma, apoios
adequados às necessidades dos alunos são, apenas, alguns exemplos”.Os
alunos do 9.º ano vão continuar a fazer os exames nacionais com um peso
de 30% na nota final, mas os enunciados destas provas também passarão a
ser secretos, para que alguns itens possam ser repetidos.