Feliciano Barreiras Duarte demite-se do cargo de secretário-geral do PSD
18 de mar. de 2018, 22:07
— Lusa / AO online
"Espero que a
minha demissão faça cessar os ataques à direcção do PSD e permita que o
Dr. Rui Rio, a quem agradeço a confiança e a amizade, bem como a sua
equipa, consigam atingir os objectivos que justamente perseguem, pois
isso é o que é o melhor para o País e deve constituir a única
preocupação de todos e de qualquer de nós", escreve Feliciano Barreiras
Duarte em comunicado divulgado hoje ao final da tarde. Esta é a primeira baixa na direção do novo presidente do PSD, Rui Rio. O
deputado do PSD explica, no comunicado, que a sua demissão foi
apresentada "de forma irrevogável" ao presidente do partido, e
acrescenta que Rui Rio lhe manifestou o seu "apoio e solidariedade". "Conversei
com o Dr. Rui Rio e manifestei-lhe a minha vontade de deixar o cargo de
secretário-geral do PSD, tendo em conta os ataques de que estava a ser
alvo e os efeitos desses ataques no seio da minha família; o Dr. Rui Rio
manifestou-me o seu apoio e solidariedade, tendo compreendido e aceite
todos os meus argumentos", afirma Barreiras Duarte. O
ex-secretário-geral do PSD salienta que, apesar de estar no combate
político deste os tempos de estudante, e de entender que este combate "é
duro", "não vale tudo" e o limite é ter atingido gravemente a sua
família. "Considero que, neste momento, e face à violência
inusitada dos ataques e aos efeitos para mim e a minha família,
atingimos o limite: por isso apresentei ao presidente do meu Partido o
pedido irrevogável de demissão -- tão irrevogável que já está
concretizada -- de secretário-geral do PSD", afirma. Barreiras
Duarte diz ter "perfeita consciência" de que não é ele o principal alvo
destes ataques, "mas sim o líder" do PSD "e a sua direção". "Por isso ficar seria avolumar o problema e não contribuir nada para a solução", refere. O
deputado acrescenta que deixa o cargo de secretário-geral do PSD de
"consciência tranquila", reafirmando os argumentos com que se tinha
defendido das notícias sobre irregularidades no seu currículo e, depois,
do facto de ter apresentado no parlamento a sua morada fiscal e não de
residência. "Nunca ganhei nada, nem com uma, nem com outra
situação; não tirei qualquer proveito da Universidade de Berkeley -- nem
financeiro, nem de grau académico, nem profissional, nem político; não
procurei qualquer benefício material ou outro, antes pelo contrário, com
a questão da morada no Parlamento", refere. No comunicado de dez
pontos, Barreiras Duarte recupera as notícias de que foi alvo na última
semana, primeiro do semanário Sol sobre o seu currículo, negando que
haja, "como foi criminosamente sugerido, quaisquer paralelismos com
situações de falsas licenciaturas, feitas por equivalências, ou
licenciaturas feitas ao domingo", referindo-se implicitamente aos casos
de Miguel Relvas e José Sócrates. "Terei sido imprudente ao
manter tanto tempo essa referência, sem ter uma renovação formal do
estatuto, mas a inscrição sempre foi verdadeira, a universidade
informou-me que estava inscrito", refere, detalhando em seguida o seu
percurso académico, que diz ser a "coluna vertebral" da sua vida. Sobre
a segunda notícia, do jornal 'online' Observador, de que teria
entregado uma morada falsa no parlamento em 2005, o deputado reitera o
seu entendimento de que o indicado seria indicar a morada fiscal -- e
diz crer que essa será prática entre "grande parte dos deputados" --,
adiantando que pedirá ao presidente da Assembleia da República, Ferro
Rodrigues, um requerimento para que faça "uma clarificação total sobre
as regras dos benefícios e ajudas de custo aos deputados". Barreiras
Duarte reitera que aguardará "serenamente os resultados do inquérito
que a Procuradoria-Geral da República anunciou ir abrir", e diz não
haver "lugar a arrependimentos". "Dediquei os melhores anos da
minha vida ao PSD e à atividade política e voltaria a fazer o mesmo,
pois considero que servir o País é o mais nobre dos deveres", refere. Secretário-geral
do PSD desde o Congresso de 18 de fevereiro, Feliciano Barreiras Duarte
foi eleito deputado pelo círculo de Leiria em várias legislaturas desde
1999, e atualmente preside à Comissão Parlamentar de Trabalho e
Segurança Social. Foi chefe de gabinete do ex-líder do PSD Pedro
Passos Coelho e, entre 2011 e 2013, secretário de Estado Adjunto do
ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, pasta ocupada por Miguel
Relvas, com as tutelas delegadas da Comunicação Social, Imigração e
Modernização Administrativa. De acordo com os estatutos do PSD,
compete agora ao Conselho Nacional, órgão máximo do partido entre
Congressos, "eleger o substituto de qualquer dos titulares da Mesa do
Congresso e da Comissão Política Nacional, com exceção do seu
Presidente, no caso de vacatura do cargo ou de impedimento prolongado,
sob proposta do respetivo órgão".