Federação Portuguesa de Judo enfrenta novo processo de inquérito do IPDJ
2 de jan. de 2023, 18:13
— Lusa/AO Online
Em causa estarão
questões relacionadas com a violação dos critérios estabelecidos pela
própria FPJ na seleção de judocas para competirem nas provas
internacionais e as mesmas terão resultado do inquérito concluído em
novembro e que levou à destituição de Jorge Fernandes da presidência da
FPJ.“Efetivamente, determinei a abertura
de um novo processo de inquérito por um conjunto de factos que foram
extraídos ainda durante o mês de novembro do inquérito que estava a
decorrer e que levou à destituição do presidente. E esse inquérito está
precisamente relacionado com questões de seleção desportiva e com
eventual violação dos critérios de seleção que foram estabelecidos pela
própria Federação Portuguesa de Judo”, confirmou à Lusa Vítor Pataco.O
presidente do IPDJ explicou que este novo inquérito tem a ver com “a
seleção de atletas para a participação em competições internacionais”,
mas que nesta fase não é possível dar detalhes em relação ao processo.Vítor
Pataco voltou a mostrar-se preocupado com a situação no judo português,
frisando que o seu papel não é o de apenas fiscalizar e sancionar, mas
sugerir caminhos para que a modalidade regresse à normalidade.O
judo português tem atravessado uma fase conturbada desde agosto do
último ano, com a oposição de alguns atletas e associações ao presidente
que acabou destituído, Jorge Fernandes, estando desde já marcadas novas
eleições para 19 de fevereiro.Um
inquérito do IPDJ, aberto após denúncia da Associação de judo de Castelo
Branco, concluiu em novembro que o ex-presidente transgrediu o artigo
51.º do Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD), que configura
a perda de mandato de titulares de órgãos federativos, por
inelegibilidade, incompatibilidade ou por terem intervenção em contrato
no qual tenham interesse.Em causa, segundo
o inquérito, estava a contratação em 2021 para a FPJ de Jorge Alberto
Fernandes, filho do ex-presidente, e o facto de o responsável máximo da
Federação desempenhar funções de treinador no Judo Clube de Coimbra,
dois cenários incompatíveis com as funções que desempenhava.Entretanto,
já em dezembro, a Assembleia Geral destitutiva ratificou a saída de
Jorge Fernandes, antecipando eleições para 19 de fevereiro, mas a
polémica mantém-se: por um lado o antigo presidente é agora acusado de
se manter em gestão, e a nova AG, eleitoral, poderá não cumprir aquilo
que é o entendimento do IPDJ.“Se o
presidente da Federação continua, como parece estar a acontecer, a
assumir a gestão corrente da Federação, está a incorrer, no nosso ponto
de vista, numa situação que não é a correta, numa irregularidade. Vamos
confirmar isso do ponto de vista formal e ver, depois, quais são as
consequências dessa atitude. Sendo uma atitude que não é regular,
naturalmente que haverá aqui consequências”, explicou Vítor Pataco.O
dirigente máximo do IPDJ esclareceu que a Assembleia Geral da FPJ foi
instada a esclarecer a situação, mas que a resposta não foi clara, numa
situação que veio a público depois de a judoca Telma Monteiro ter
publicado e questionado um ofício da FPJ assinado por Jorge Fernandes em
21 de dezembro, três dias depois de ter sido destituído.Vítor
Pataco esclareceu ainda que o IPDJ já informou a Federação de Judo
sobre o seu entendimento para novas eleições, com a destituição do
presidente a pressupor a eleição de novos órgãos, incluindo novos
delegados, e não apenas do presidente e direção.“Demos
conhecimento à Federação daquilo que é a nossa posição e aos órgãos da
Assembleia Geral. Cabe agora aos órgãos da Federação também encontrarem,
aqueles que estão em gestão corrente, as soluções que forem mais
adequadas. Enfim, se optarem por essa solução, logo avaliaremos e os
próprios associados, porque nós demos nota disto também aos associados
que nos colocaram a questão, nomeadamente a Associação de Lisboa e a
Associação de Castelo Branco. Clarificámos essa posição. Ponto um: o
presidente do Instituto não está apenas a fiscalizar e a sancionar.
Ponto dois e é importante as pessoas entenderem isto: não somos nós que
temos de encontrar as soluções, é a família do judo que tem de encontrar
uma solução”, reafirmou.A finalizar,
Pataco insistiu que o IPDJ tem tentado apontar caminhos, não se
confinando a um papel sancionatório ou fiscalizador, e que tudo fará
para assegurar que a preparação dos atletas e o trabalho dos treinadores
não sejam prejudicados.“Não posso falar
por terceiros, mas admito que esta será, com certeza, a posição do
Comité Olímpico de Portugal no que respeita à parte da preparação
olímpica e diria do próprio Governo", acrescentou Vítor Pataco.