Federação Nacional dos Professores vai convocar greve para o próximo dia 18
11 de nov. de 2022, 17:37
— Lusa/AO Online
Em conferência de imprensa,
Mário Nogueira disse que o protesto dos professores contra as recentes
propostas do Ministério da Educação (ME) inclui a participação na
concentração frente à Assembleia da República no dia 25, data da votação
final global do Orçamento de Estado para 2023, estando ainda previstos
plenários presenciais em todos os distritos, para discutir carreiras,
salários e a questão dos concursos, entre os dias 14 e 24 de novembro.Esta
semana decorreram no Ministério da Educação (ME) reuniões negociais com
vários sindicatos sobre o modelo de recrutamento e mobilidade do
pessoal docente. A FENPROF foi ouvida na terça-feira.O
sindicalista declarou que o ME pretende avançar com “uma grande revisão
do Estatuto da Carreira Docente disfarçada”, já que as suas propostas
acabam por “revogar dois capítulos do estatuto, o 5.º e o 6.º, relativos
aos quadros e à vinculação dos docentes”.“Esta
é uma revisão efetiva do Estatuto da Carreira Docente não assumida pelo
governo”, assinalou, adiantando que a FENPROF está “completamente em
desacordo” com a mesma “porque significa uma forte machadada na carreira
especial dos docentes, educadores e professores do ensino básico e
secundário”.O Governo pretende o “fim dos
quadros de escola, agrupamento e de zona pedagógica e a (sua)
substituição por mapas de pessoal”, disse o secretário-geral da FENPROF,
acrescentando que é proposta a criação de ”quadros interconcelhios”
para os quais deixa de haver o concurso realizado atualmente e a escolha
passa a ser feita “por um conselho local de diretores”.Trata-se
do “início de um processo de municipalização das colocações de
professores” e de “acabar com a mobilidade interna”, mecanismo que
permite que se possa aproximar de casa quem trabalha a centenas de
quilómetros. Mário Nogueira disse que
naquele caso a solução do ministro da Educação, com base em declarações
de João Costa, não é aproximar o trabalho de casa, mas mudar a casa para
onde se tem trabalho.“Isto é absolutamente reprovável e inaceitável como declaração do sr. ministro da Educação”, salientou.O
sindicalista referiu ainda que “a transformação dos quadros em mapas de
pessoal cria uma insegurança (…) para os professores e trabalhadores
que pertencem aos mapas”, porque estes são “atualizados anualmente”.Deu
ainda conta da insatisfação dos professores quanto à atualização
salarial (um aumento de “pouco mais de de 2%”, face a uma inflação que é
atualmente “de 10%”), lamentando que o Governo não olhe para os
problemas da profissão, como por exemplo o envelhecimento.“A FENPROF não vai calar-se”, garantiu.Além
das já referidas, Mário Nogueira disse estarem a ser analisadas outras
ações de protesto, “que poderão passar por concentrações regionais,
vigílias, acampamentos à frente do ministério, greves prolongadas
parcelares ou outra grande manifestação de professores”.Adiantou
que a Federação Nacional dos Professores deverá reunir-se com
organizações com quem convergiu na greve do passado dia 02 para “traçar
um plano de luta comum, forte e prolongado” e que “faça recuar o
governo” nas suas intenções.