Federação dos médicos vai de “boa-fé” negociar com Governo a 09 de novembro
24 de out. de 2022, 09:22
— Lusa/AO Online
“Nós
vamos de boa-fé. Esperemos que [haja a mesma postura] do outro lado e,
de acordo com aquilo que está definido no protocolo negocial, cheguemos a
bom porto - além de um bom princípio, que cheguemos a um bom fim. É com
esses espírito que avançamos, com espírito aberto, de negociação”,
assumiu Noel Carrilho.Da reunião agendada
para 09 de novembro, no Ministério da Saúde, o presidente da federação
(FNAM) disse esperar “que não seja necessário o que tem sido necessário
todos estes anos, de medidas reivindicativas”, já que se pretende
“negociar algo que seja consequente para os médicos e para o SNS
[Serviço Nacional de Saúde]”.O presidente
da FNAM falava aos jornalistas no final do congresso nacional da
organização, que teve início no sábado, em Viseu, com a participação de
cerca de 90 delegados, e onde ficou definida a realização do conselho
nacional, “ainda este ano”, para a eleição da nova comissão executiva.“Temos
muitíssimas propostas, infelizmente muitas delas transitarão do
anterior figurino para este, porque nada tem sido feito, essa é que é a
verdade. Temos de melhorar as condições de trabalho e, à cabeça, temos
de falar das condições remuneratórias, porque essas são essenciais”,
apontou.Noel Carrilho, que também preside
ao Sindicato dos Médicos do Centro, indicou que há também as “condições
de descanso, condições de regimes de trabalho, de oportunidade de
dedicação exclusiva”, ou seja, “variadíssimas propostas, que estão em
cima da mesa”.Na mesa de trabalho a FNAM
espera encontrar do lado do Governo “o mesmo espírito aberto” e, “acima
de tudo, iniciativa e peso político”, para que “possa haver investimento
nesta área e deixe de existir esta situação lamentável de défice e até
de rotura do SNS”.Questionado sobre o
orçamento previsto para o SNS, que o ministro da tutela, Manuel Pizarro,
apresentou no sábado em Viseu, Noel Carrilho disse que, “fazendo as
contas, para aquilo que são os recursos humanos”, o aumento anunciado
está “abaixo daquilo que era necessário apenas para compensar a perda do
poder de compra”.“Aquilo que é proposto
para os profissionais de saúde, médicos inclusive, é que continuem a
perder poder de compra, que é o que tem acontecido nos últimos anos,
portanto, não se pode esperar satisfação, não se pode falar em menos do
que suborçamentação”, considerou.Ou seja,
no seu entender, “independentemente dos números que se aventem, o que
acontece é que as condições de trabalho que são propostas para os
médicos do SNS não são as adequadas para os manter dentro do SNS, onde
fazem tanta falta”.Neste sentido, Noel
Carrilho assumiu que “é inevitável um êxodo provocado - é um convite à
saída dos médicos, que acontece todos os anos”, do SNS para o sistema
privado da Saúde.“Todos os anos temos
médicos formados no SNS, novos médicos que recusam às centenas as
condições que lhes são propostas porque são condições que não são
adequadas. Sabendo o Governo que essas condições não são adequadas e não
oferecendo outras, é complacente, é conivente com essa situação e é
isso que é necessário mudar”, defendeu.