Federação das Pescas dos Açores alerta para impacto do corte na quota de goraz
6 de dez. de 2024, 15:30
— Lusa/AO Online
A posição da Federação
das Pescas dos Açores surge na sequência de uma assembleia geral
realizada na Lagoa, na ilha de São Miguel, na quarta-feira, onde foram
abordadas "questões cruciais" para o setor, nomeadamente "os desafios e
as oportunidades atuais, com base na sustentabilidade e na valorização
da atividade piscatória de cada ilha", assinala aquela estrutura em
comunicado.Para a Federação das Pescas, um
dos maiores desafios do setor, neste momento, está relacionado com "o
corte previsto na quota" da espécie do goraz (Pagellus bogaraveo) e com
"a pouca quota" existente dos imperadores (Beryx spp) para o próximo
biénio."Isto representa um impacto
negativo nos rendimentos dos pescadores, uma vez que são espécies de
valor elevado na primeira venda, com forte reflexo na comunidade
piscatória", alerta a Federação das Pescas, presidida por Jorge
Gonçalves.Segundo a Federação, a espécie
goraz "rendeu, até à data, cerca de 7,7 milhões de euros" e o corte
previsto significa "uma quebra no rendimento de mais de 2,5 milhões de
euros no próximo biénio". Em causa está a
proposta, avançada pelo executivo comunitário a 31 de outubro, dos
totais admissíveis de capturas (TAC) e respetivas quotas, que inclui um
corte de 35%, de 600 mil para 399 mil toneladas, a pesca de goraz nos
Açores.O goraz é tradicionalmente a espécie alvo mais importante da pesca com palangre de fundo nos Açores.A 31 de outubro, o executivo comunitário divulgou a proposta de
possibilidades de pesca para 2025, que inclui um aumento de 17% nas
capturas de tamboril, de 23% nas de areeiro e de 5% nas de carapau em
águas nacionais e manter as da pescada em águas ibéricas.A
Federação das Pescas dos Açores sublinha que na Região Autónoma dos
Açores têm vindo a ser implementadas medidas de gestão internas, como os
limites máximos de captura por embarcação, por maré e quota anual,
aumento do tamanho dos anzóis e a criação de tamanhos mínimos de
captura, o que denota "uma preocupação em garantir uma gestão cuidada do
esforço de pesca de modo a assegurar a sustentabilidade dos recursos e
da atividade pesqueira".Na assembleia da
Federação das Pescas foram ainda debatidos temas como a reestruturação
da frota, áreas marinhas protegidas costeiras, formação de segurança a
bordo das embarcações, equipamentos de alagem e fecho precaucionário da
pescaria do mero. "A FPA e os seus
associados uniram esforços para encontrar soluções para os seus desafios
e para encontrar equilíbrio entre a sustentabilidade ambiental e a
viabilidade económica dos profissionais da pesca", avança a nota.