Fecho da Azores Airlines poderá ter impacto de 1,27 mil milhões
20 de out. de 2025, 14:54
— Lusa/AO Online
Num relatório técnico divulgado
por aquela associação empresarial, alerta-se que o “desaparecimento” da
Azores Airlines, cuja privatização está a ser negociada, é um “risco
sistémico que afetaria o conjunto do tecido económico açoriano”.“O
colapso da SATA Internacional (…) teria um impacto económico total
estimado de 1.266 milhões de euros, correspondendo a mais de um quarto
do PIB [Produto Interno Bruto] regional e a metade das receitas anuais
da Região Autónoma dos Açores”, lê-se no estudo enviado à comunicação
por aquela associação empresarial.O
relatório salienta que os cerca de 1,27 mil milhões representam o
“conjunto das perdas diretas e indiretas associadas ao colapso”,
defendendo que o encerramento da companhia “não seria apenas um problema
empresarial, mas um choque económico e social de grande escala”, com
“efeitos imediatos na mobilidade, turismo, receita fiscal e emprego”.A
análise estima que o fecho da transportadora implicaria a perda de 815
postos de trabalho diretos e o “risco de colapso parcial” da outra
companhia do grupo, a SATA Air Açores, responsável pelas ligações
interilhas.Além disso, o fecho da empresa
levaria à “destruição de 436 milhões de euros em ativos e capitais
próprios”, a “transformação de 75 milhões de garantias regionais em
dívida pública” e à quebra de 20% do fluxo turístico da região.“Mesmo
após três anos, cerca de 40% das perdas iniciais manter-se-iam sem
compensação, sublinhando a gravidade e persistência do risco para a
economia açoriana”, alerta a Câmara de Comércio.Em
causa poderão ainda estar outras “consequências estruturais”, como a
“erosão da confiança externa”, a “descontinuidade das exportações
regionais rápidas”, o “aumento do isolamento” e a “pressão orçamental
acrescida” sobre o Governo Regional.O
relatório sugere a conclusão do processo de privatização, o
“isolamento” jurídico da SATA Air Açores, a criação de um Fundo Regional
de Estabilização da Mobilidade e de um Plano de Contingência para o
Setor Aéreo.A Câmara do Comércio e
Indústria de Angra do Heroísmo defende que a privatização é a “única via
possível para salvar a companhia” e apela a que “prevaleça o interesse
dos Açores sobre qualquer interesse pessoal e obscuro”.“Importa
manifestar a enorme preocupação com a intenção de solicitar à Comissão
Europeia um prolongamento do prazo do processo de privatização, com o
intuito de abrir espaço a uma negociação direta”, lamenta. A
associação empresarial, que critica o papel da classe política, das
administrações e dos sindicatos no estado atual da companhia, considera
“evidente” que a região vai ter de assumir o passivo da empresa.“O
pagamento da dívida e a assunção de eventuais indemnizações por erros
de gestão cometidos constituem, neste momento, o mal menor para os
Açores e, em nosso entender, o único caminho possível, de forma a evitar
maiores problemas futuros para a região”, salienta a organização
liderada por Marcos Couto.O júri do
concurso da privatização exigiu ao consórcio Newtour/MS Aviation que
apresente até 24 de outubro uma proposta para a compra da Azores
Airlines, revelou à agência Lusa, a 13 de outubro, fonte ligada ao
processo.Em junho de 2022, a Comissão
Europeia aprovou uma ajuda estatal portuguesa para apoio à
reestruturação da companhia aérea de 453,25 milhões de euros em
empréstimos e garantias estatais, prevendo medidas como uma
reorganização da estrutura e o desinvestimento de uma participação de
controlo (51%).