Fausto Costa deixa presidência da Casa do Benfica da Ilha Terceira e ainda sonha com reativação da congénere em Ponta Delgada
10 de jan. de 2019, 21:30
— AO Online
- Como foi preparada esta digressão da Casa do Benfica da Ilha
Terceira à ilha de São Miguel ao jogo Santa Clara/ SL Benfica e qual o programa
previsto?
Esta digressão foi preparada com
antecedência e com um programa que, para além do jogo de futebol,
proporciona aos interessados no sábado uma visita à Lagoa do Fogo, à Lagoa
das Furnas e à Lagoa das Sete Cidades. O almoço será nas Furnas com o
tradicional cozido.
-Como foi a adesão dos benfiquistas açorianos?
Uma digressão a S. Miguel é um pouco difícil de ter muita gente porque muitos
dos terceirenses que vão ver o jogo marcaram as suas passagens por conta
própria e vão ficar hospedados em casa de amigos ou familiares. O grupo que
temos é composto por 17 sócios, mas vendemos cerca de 360 bilhetes para
terceirenses e para outras ilhas como Flores, Faial, Graciosa, São Miguel e
Santa Maria.
-Há quantos anos lidera esta Casa do
Benfica?
Estou à frente dos destinos da Casa do Benfica na Ilha Terceira há 26 anos:
um ano (1993) na Comissão Instaladora e 25 anos (1994 a 2019) como Presidente
da Direção. Presentemente sinto o orgulho de ser o presidente mais antigo das
cerca de 290 casas que o clube tem e de estar na história das Casas do Benfica
como o único presidente de direção que atingiu 25 anos de presidência contínua
a servir com humildade, honestidade e muita paixão o Sport Lisboa e Benfica.
-Sente que esta é a maior ligação entre os Açores e o SL Benfica?
Esta é sem dúvida a maior ligação
entre os Açores e o Sport Lisboa e Benfica. Somos a única Casa do Benfica fora
do continente português que tem uma bilhética que nos permite vender bilhetes
para todos os jogos de futebol, andebol, futsal, voleibol, basquetebol e hóquei
em patins realizados pelo SLB no seu estádio ou no seu pavilhão. Também
vendemos ingressos para visitas ao Museu Cosme Damião e visitas ao Estádio da
Luz.
Prestamos um "serviço público" aos açorianos porque já vendemos e
enviamos bilhetes para todas as ilhas, isto é: qualquer açoriano pode adquirir
estes ingressos aqui na região sem ter de se deslocar ao estádio para os obter.
-Como é a relação do SLB com a, agora, única casa do Benfica nos
Açores?
É uma relação muito boa. A partir do 2º
Congresso das Casas do Benfica realizado na Ilha Terceira em outubro de 2007,
Luís Filipe Vieira tem dado apoio incondicional às Casas do Benfica. As pessoas
têm de perceber que as Casas do Benfica existem porque existe o Benfica, as
Casas do Benfica existem para, em primeiro lugar, servir o Benfica. É com este
lema que sempre dirigi esta instituição e sempre trabalhei no interesse do
clube e dos seus associados. A única coisa que esta Casa do Benfica precisa do
SLB é apoio logístico. A direção juntamente com os sócios é que tem de
sustentar a existência desta ou de outra qualquer Casa do Benfica.
-Gostaria que outras ilhas açorianas (e nomeadamente São Miguel
pela sua dimensão) tivessem novamente uma Casa do Benfica?
Já fomos três Casas do Benfica
nos Açores. Presentemente somos a única porque a de Ponta Delgada e do Faial
deixaram de ter atividade. Em setembro de 2017 fiz, na Fajã de Cima, e com
cerca de vinte micaelenses, uma apresentação de como se poderia e devia reabrir
a Casa do Benfica em Ponta Delgada. Dessa reunião saiu uma comissão que se
comprometeu em trabalhar para se concretizar a referida reabertura, mas sem
sucesso.
Com o novo projeto para as Casas
do Benfica, que deu o primeiro passo em Santarém, penso que será uma nova era
muito importante para o futuro das Casas do Benfica. Com este novo projeto as
Casas do Benfica aderentes ficam com as despesas fixas (renda, água e luz)
praticamente nulas.
Este projeto foi já apresentado às Câmaras Municipais da Praia da Vitória e de
Angra do Heroísmo que estão disponíveis para aderir, sendo a próxima direção,
juntamente com os parceiros a decidir onde será implementada as futuras
instalações.
Relativamente a São Miguel ou qualquer outra ilha, era muito bom que aparecessem
benfiquistas interessados em abrir uma Casa do Benfica na sua ilha e eu estou
sempre disponível para colaborar.
-Quantos associados tem a Casa do Benfica da Ilha Terceira e quantos
são de fora da ilha Terceira?
A CBIT tem neste momento 860
sócios. Como curiosidade posso adiantar que temos sócios nas 9 ilhas dos Açores,
na ilha da Madeira, no Continente português, nos Estados Unidos, no Canadá, na
Alemanha, na Holanda, no Brasil e na Colômbia. Açorianos e amigos espalhados pelo
mundo que apreciam o nosso trabalho e sendo associados sentem que é uma forma
de colaborar connosco.
-Informou os sócios da Casa do Benfica da Ilha Terceira que não
será candidato às próximas eleições. Pode adiantar os seus motivos para, depois
de tantos anos, não ser candidato?
É um problema difícil, mas de explicação simples. A CBIT é o meu terceiro filho e vou deixar a direção para bem do
futuro da CBIT. No mês das próximas eleições, março de 2019, faço 62 e, embora
me sinta um "puto", tenho consciência que não vou viver mais 25 anos
com as mesmas condições que já tive e ainda tenho neste momento. Se não tiver
ninguém preparado, se não tiver ninguém com vontade de servir o Benfica,
possivelmente este será um projeto sem futuro.
-Já tem conhecimento de alguém interessado em candidatar-se ao lugar?
Felizmente há um interessado,
José Duarte Nunes, que já trabalha comigo como vice-presidente neste mandato e
vai até ao final de janeiro, como mandam os estatutos, entregar ao presidente
da Assembleia Geral uma lista e fazer a apresentação oficial aos sócios da
CBIT.
-O que gostaria que acontecesse a partir desse dia?
Esse dia vai ser, certamente, o
dia mais triste da minha vida enquanto Benfiquista e, provavelmente, no início,
vou ter dificuldades em aceitar que já não sou o presidente da CBIT. O que mais
gostaria que acontecesse era que não sentisse o que acabei de afirmar e que com
o decorrer do mandato já ninguém se "lembrasse" de mim, o que
significa que a nova direção está a trabalhar muito bem.