Autor: Rita Sousa
Os três faroleiros residentes no farol da Ferraria dedicam parte do seu tempo à restauração dos diversos materiais, que em tempos mais retrógrados eram utilizados para o funcionamento deste farol.
Farolins, balanças, o antigo motor do farol, recipientes onde se guardava o petróleo, ferramentas são alguns dos materiais reciclados pelo Mário Silva, Renaldo Costa e Ângela Gomes, os três faroleiros que dedicam a sua vida à manutenção deste farol.
“Todo o material restaurado consiste em elementos que eram utilizados antigamente no farol e que agora restauramos com o intuito de preservar e recuperar o património do Farol”, disse Mário Silva, o chefe dos faroleiros.
O farol dispõe de uma pequena oficina com os materiais necessários para a restauração, que é feita pelos próprios faroleiros.
“Estas iniciativas partem de nós. Temos sempre ideias e gostamos de recuperar para depois mostrar às pessoas o que se usava em tempos mais antigos”, frisou Renaldo Costa.
Para além do trabalho de restauração levado a cabo pelos faroleiros, Mário Silva deu conta que está satisfeito com o trabalho desenvolvido pela Capitania.
“ Verificamos que os faróis dos Açores estão a ser todos renovados com a ajuda monetária da Capitania. Todos os faróis apresentam obras de manutenção feitas”, afirmou o chefe dos faroleiros.
Neste farol existe outra particularidade, o facto de termos uma faroleira, uma mulher que dedica a sua vida ao farol.
Ângela Gomes é uma das três únicas mulheres açorianas que são faroleiras. A faroleira revelou que escolheu este “excelente emprego devido a certas regalias que oferece, como uma casa para habitar e um bom ordenado”. Ainda referiu, que esta tradição está na família, visto que o pai foi faroleiro.
Os três faroleiros habitam no farol com as respectivas famílias. Contudo, são obrigados a mudar, geralmente, de quatro em 4 anos de farol.
“As mundanças são complicadas no inicio, mas depois é uma questão de hábito. A meu ver, como sempre gostei de viajar, gosto muito de ter a possibilidade de viver nas várias ilhas dos Açores”, revelou Mário Silva.
O dia a dia destes faroleiros resume-se à manutenção do farol. Tratam dos motores, da parte eléctrica, da pintura do farol e de coisas mais básicas como cortar a relva e cuidar do grande terreno que pertence ao farol.
É neste sentido, que o chefe dos faroleiros esclarece que como por vezes têm muito trabalho entre mãos é difícil estarem sempre disponíveis para mostrarem o farol. Assim, normalmente, as visitas são marcadas com antecedência para grupos de escolas, de escuteiros ou outros grupos. Refere ainda, que o farol é muito procurado por turistas que têm grande interesse em faróis.
“Os faróis continuam a ter sempre a mesma importância, apesar de toda a tecnologia que existe é sempre uma referência e uma ajuda è navegação”, concluiu o dirigente dos faroleiros.
Mário Silva evidenciou ainda que “ser faroleiro não é uma profissão em vias de extinção, pois podemos constatar que há muita gente nos faróis dos Açores com apenas 20 e tal anos”.
O farol da Ferraria, encontra-se localizado na ponta mais a Oeste da Ilha de São Miguel, no caminho que dá acesso à Ferraria, numa torre que tem 18 metros de altura e 107 metros de altitude. É o maior e o segundo farol mais antigo dos Açores, com 108 anos, tendo sido inaugurado a 9 de Novembro de 1901.
Este farol encontra-se automatizado com o sistema modelo DF, com uma característica de três relâmpagos agrupados num período de 20 segundos e um alcance luminoso de 27 milhas.
Ferraria continua à espera
das obras prometidas
À cerca de três anos o Governo Regional anunciou que iria elaborar um projecto de requalificação da Ferraria nos Ginetes. Contudo, as obras que permitirão modificar as condições deste local ainda não começaram.
A iniciativa proposta pelo Executivo açoriano visa a consolidação de escarpas, para tornar mais segura a estrada de acesso a este local, e levar a água e luz ao antigo edifício termal da Ferraria.
Ainda também está previsto, para além da ampliação e adaptação do edifício das termas, a construção de uma piscina termal no exterior, novas zonas balneares e de um restaurante.
Quando contactada a secretaria da Economia deu conta que a data de inicio do projecto ainda está por anunciar. Mas acrescentou, que a obra mantêm-se e o projecto está a evoluir de acordo com todos os termos legais.