Farmacêuticos do SNS em greve quatro dias em outubro e novembro
10 de out. de 2022, 11:07
— Lusa/AO Online
Num
pré-aviso que será entregue esta segunda-feira, o Sindicato Nacional dos
Farmacêuticos decreta uma greve de dois dias em outubro, a 25 e 26, e
outros dois em novembro (15 e 16), abrangendo todos os serviços de saúde
dependentes dos ministérios da Saúde, Trabalho, Solidariedade e
Segurança Social e Defesa Nacional, assim como nos Açores e na Madeira.Em
declarações à agência Lusa, Henrique Reguengo, do Sindicato Nacional
dos Farmacêuticos, sublinhou que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) se
transformou “num sítio muito pouco apetecível para quem inicia a sua
atividade profissional”“Não existe Serviço
Nacional de Saúde sem uma atividade farmacêutica bem estruturada e
capaz, seja na farmácia hospitalar, nas análises clínicas e na genética,
que são as três especialidades que os farmacêuticos têm no SNS, mas
para isso nós precisamos de atrair os melhores de nós. E, com este
panorama, claramente isso não vai acontecer”, afirmou.O
responsável lembra que os quadros das instituições são “perfeitamente
insuficientes para o que é necessário” e que isso faz com que as pessoas
“estejam sobrecarregadas de trabalho”.Recorda
ainda que a tabela salarial dos farmacêuticos do SNS data de 1999,
frisando: “Desde 2008 a 2022, enquanto outros profissionais de saúde
viram as suas tabelas remuneratórias revistas e atualizadas, nós ficámos
ali presos à neutralidade orçamental que nos foi exigida para podermos
implementar a nova carreira” .“Com a
continua evolução das tabelas dos outros profissionais isto veio
subverter completamente a lógica de que uma maior diferenciação
académica e profissional normalmente corresponde uma maior remuneração”,
acrescentou.Henrique Reguengo lembra
ainda que, “quando se fez a migração de todos os profissionais que
estavam em condições de migrar a carreira farmacêutica, 80% (…) foram
colocados na base da carreira”.“Há pessoas
com 15, 20 e 30 anos [de profissão] a ganharem o mesmo e na mesma
categoria que pessoas que entram agora para o SNS ou que estão há dois
ou três anos”, exemplificou.Além da
valorização profissional e da contagem integral do tempo de serviço no
SNS para efeitos de promoção e progressão na careira, o sindicato exige
ainda a vinculação efetiva dos farmacêuticos a exercer no Sérvio
Nacional de Saúde (SNS) com contratos precários e a adequação do número
de profissionais às reais necessidades e complexidade das atividades
desenvolvidas.No pré-aviso de greve, a que
a Lusa teve acesso, o sindicato pede ainda o reconhecimento e
homologação, por parte do Ministério da Saúde/ACSS, dos títulos de
especialista atribuídos pela Ordem dos Farmacêuticos, assim como a
definição e regulamentação “de processo especial e transitório para
regularização do acesso à especialidade/residência farmacêutica por
parte dos farmacêuticos contratados após 01 de março de 2020”.O
sindicato denuncia ainda a “precariedade, falta de estabilidade e más
condições de trabalho nos serviços farmacêuticos”, assim como a “falta
de segurança no circuito integrado do medicamento e outros produtos
farmacêuticos”.“O Orçamento do Estado está
à porta, nós sabemos que os outros profissionais continuam a ter as
suas negociações e, portanto, isto chegou a um ponto em que é
insustentável o sindicato não tomar uma posição que mostre o
descontentamento, que é geral”, considerou Henrique Reguengo.Os
serviços mínimos serão assegurados nos serviços que funcionem
ininterruptamente 24 horas por dia, no sete dias da semana, propondo-se
indicativamente um número igual de farmacêuticos àquele que garante o
funcionamento aos domingos, no turno da noite, durante a época normal de
férias, “sendo que tais serviços serão fundamentalmente assegurados
pelos trabalhadores que não pretendam exercer o seu legítimo direito à
greve”, refere o pré-aviso.