Autor: Hugo Teixeira , Lusa / AO online
"Com a idade que eu tenho, o que é que eu posso pensar e fazer? Sinto-me triste…", confessou à agência Lusa, à saída da unidade fabril, José Lopes, de 60 anos, 27 dos quais passados ao serviço da multinacional norte-americana que produz componentes para automóveis.
O desemprego que espera os mais de 500 trabalhadores da Delphi em Ponte de Sor e a quebra no poder de compra que se avizinha está também a preocupar os comerciantes locais, que já se queixam de reduções nas vendas desde sexta-feira, dia em que foi anunciado o encerramento da unidade.
"Desde que foi anunciado o despedimento, até as apostas nos jogos da Santa Casa da Misericórdia baixaram significativamente", revelou à Lusa Laurentino Silvestre, proprietário da "Casa Regional", o mais antigo estabelecimento comercial da cidade.
Segundo o mesmo comerciante, antes os clientes "jogavam vinte euros" no Euromilhões, mas agora já começaram a "puxar os cordões à bolsa" e "ficam-se pelos quatro euros".
A tristeza e a apreensão quanto ao futuro são, por isso, sentimentos dominantes nos últimos dias, em Ponte de Sor, com cerca de 14 mil habitantes e com uma forte tradição na indústria da cortiça e na área agro-industrial.
Entre os trabalhadores, sobretudo os mais velhos e com mais "anos de casa", o futuro encerramento da fábrica, a maior entidade empregadora do concelho e a maior unidade industrial do distrito de Portalegre, deixa-os com poucas ou nenhumas alternativas laborais.
"Estou destroçado", assegurou José Lopes, com a voz embargada pela emoção e sem forças para lutar contra as estratégias da multinacional, ainda que alguns colegas, como Carlos Lopes, tentem ser mais positivos: "Agora, temos que lutar pelos nossos direitos".
Enquanto isso, o empresário Laurentino Silvestre, que também possui uma óptica, através da qual tinha um acordo com a Delphi para o fornecimento de óculos de protecção para os trabalhadores, continua a "deitar contas à vida" e prevê uma "grande redução" no negócio, "talvez na ordem dos 40 por cento".
Já hoje, nas principais artérias de Ponte Sor, não é difícil encontrar várias montras de lojas com o dístico "trespassa-se" ou simplesmente vazias, sem clientes.
"Não há poder de compra. Estamos a atravessar um mau momento", diz à Lusa o presidente da Associação Comercial e Industrial de Ponte de Sor (ACIPS), José Campino.
De acordo com o responsável, o cenário tende apenas a ficar mais negro, pois, com o encerramento da Delphi "adivinham-se dias bem piores e difíceis para o comércio".
O presidente da ACIPS, estrutura com mais de 200 associados, mas em que uma boa parte "não paga as quotas", lamenta, no entanto, não poder fazer "nada" para inverter a situação de recessão económica esperada no concelho.
O mesmo sentimento é partilhado por Pedro Pranto, proprietário do restaurante "O Barril", uma das principais casas na área da restauração em Ponte de Sor.
"A situação é preocupante, vai haver retracção no consumo", considera, corroborado por Paula Silva, funcionária de um supermercado a poucos passos da Delphi, em que "40 por cento" dos clientes são trabalhadores da fábrica: "Vamos aguardar para ver o que acontece ao negócio".
"Nós já sofremos o embate da chegada das grandes superfícies e este agora é mais um", acrescenta à Lusa, enquanto cruza os braços, "conformada”.
Enquanto o encerramento da Delphi não se verifica, o dia-a-dia da população, embora mais triste, vai decorrendo com a normalidade habitual de uma cidade do Interior.
Com uma zona industrial que prevê acolher várias empresas a curto prazo e com um centro urbano que receberá em breve uma nova escola, entre outros equipamentos desportivos, Ponte de Sor vê-se forçada a ter que se habituar à ideia da deslocalização da Delphi.
Mas, para o presidente da Junta de Freguesia, Francisco Alexandre, uma coisa é certa: "A cidade de Ponte de Sor nunca mais será a mesma sem a Delphi".
O desemprego que espera os mais de 500 trabalhadores da Delphi em Ponte de Sor e a quebra no poder de compra que se avizinha está também a preocupar os comerciantes locais, que já se queixam de reduções nas vendas desde sexta-feira, dia em que foi anunciado o encerramento da unidade.
"Desde que foi anunciado o despedimento, até as apostas nos jogos da Santa Casa da Misericórdia baixaram significativamente", revelou à Lusa Laurentino Silvestre, proprietário da "Casa Regional", o mais antigo estabelecimento comercial da cidade.
Segundo o mesmo comerciante, antes os clientes "jogavam vinte euros" no Euromilhões, mas agora já começaram a "puxar os cordões à bolsa" e "ficam-se pelos quatro euros".
A tristeza e a apreensão quanto ao futuro são, por isso, sentimentos dominantes nos últimos dias, em Ponte de Sor, com cerca de 14 mil habitantes e com uma forte tradição na indústria da cortiça e na área agro-industrial.
Entre os trabalhadores, sobretudo os mais velhos e com mais "anos de casa", o futuro encerramento da fábrica, a maior entidade empregadora do concelho e a maior unidade industrial do distrito de Portalegre, deixa-os com poucas ou nenhumas alternativas laborais.
"Estou destroçado", assegurou José Lopes, com a voz embargada pela emoção e sem forças para lutar contra as estratégias da multinacional, ainda que alguns colegas, como Carlos Lopes, tentem ser mais positivos: "Agora, temos que lutar pelos nossos direitos".
Enquanto isso, o empresário Laurentino Silvestre, que também possui uma óptica, através da qual tinha um acordo com a Delphi para o fornecimento de óculos de protecção para os trabalhadores, continua a "deitar contas à vida" e prevê uma "grande redução" no negócio, "talvez na ordem dos 40 por cento".
Já hoje, nas principais artérias de Ponte Sor, não é difícil encontrar várias montras de lojas com o dístico "trespassa-se" ou simplesmente vazias, sem clientes.
"Não há poder de compra. Estamos a atravessar um mau momento", diz à Lusa o presidente da Associação Comercial e Industrial de Ponte de Sor (ACIPS), José Campino.
De acordo com o responsável, o cenário tende apenas a ficar mais negro, pois, com o encerramento da Delphi "adivinham-se dias bem piores e difíceis para o comércio".
O presidente da ACIPS, estrutura com mais de 200 associados, mas em que uma boa parte "não paga as quotas", lamenta, no entanto, não poder fazer "nada" para inverter a situação de recessão económica esperada no concelho.
O mesmo sentimento é partilhado por Pedro Pranto, proprietário do restaurante "O Barril", uma das principais casas na área da restauração em Ponte de Sor.
"A situação é preocupante, vai haver retracção no consumo", considera, corroborado por Paula Silva, funcionária de um supermercado a poucos passos da Delphi, em que "40 por cento" dos clientes são trabalhadores da fábrica: "Vamos aguardar para ver o que acontece ao negócio".
"Nós já sofremos o embate da chegada das grandes superfícies e este agora é mais um", acrescenta à Lusa, enquanto cruza os braços, "conformada”.
Enquanto o encerramento da Delphi não se verifica, o dia-a-dia da população, embora mais triste, vai decorrendo com a normalidade habitual de uma cidade do Interior.
Com uma zona industrial que prevê acolher várias empresas a curto prazo e com um centro urbano que receberá em breve uma nova escola, entre outros equipamentos desportivos, Ponte de Sor vê-se forçada a ter que se habituar à ideia da deslocalização da Delphi.
Mas, para o presidente da Junta de Freguesia, Francisco Alexandre, uma coisa é certa: "A cidade de Ponte de Sor nunca mais será a mesma sem a Delphi".