“Famílias” e “empresas” dominam discursos de Medina em 2022
26 de dez. de 2022, 10:34
— Lusa/AO Online
Num conjunto de nove discursos de Medina
em momentos-chave do ano – desde a defesa no parlamento do Programa de
Estabilidade, em abril, até à audição na especialidade do Orçamento do
Estado para 2023 – analisados pela Lusa, o ministro usou 78 vezes o
termo ‘empresas’ e 74 vezes a palavra ‘famílias’.Estes
números apenas são ultrapassados pela expressão ‘Orçamento’ (mais de 90
vezes), até porque sete das intervenções foram dedicadas às propostas
orçamentais para 2022 e 2023, pelo que também ‘Portugal’ e ‘Estado’
foram referidos quase 50 vezes, cada.Medina
chegou ao Governo no final de março, cinco semanas depois do início da
invasão da Ucrânia pela Rússia, um conflito que acentuou as pressões
inflacionistas que já se vinham a fazer sentir e colocou desafios aos
governos a nível mundial.Neste contexto,
as palavras “inflação” ou “preços” foram constantes nos discursos do
governante, totalizando quase 60 repetições.A
crise energética e inflacionista levou, assim, o executivo a lançar
várias medidas destinadas precisamente às empresas e famílias, pelo que
se ouviu de Medina o termo “rendimentos” 52 vezes e “apoios” pelo menos
46 vezes.Se, por um lado, o executivo
defendeu os pacotes de apoios lançados, também argumentou diversas vezes
sobre a importância de assegurar uma trajetória de redução da dívida
pública, com o governante a utilizar a expressão “dívida” 38 vezes nos
nove discursos analisados, ou não fossem as “contas certas” um dos motes
do Ministério das Finanças – uma expressão repetida uma dezena de
vezes.Já as palavras ‘investimento’ e ‘crescimento’ no contexto económico foram proferidas 38 e 25 vezes, respetivamente.Medina
não deixou de fora os termos ‘PIB’, ‘défice’ ou a robustez do ‘mercado
de trabalho’, usados cerca de 20 vezes, assim como os ‘juros’, referidos
mais de 15 vezes, e ‘gás’ e ‘energia’, mais de 13 vezes cada. Num
ano marcado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, o termo “guerra”
esteve presente 13 vezes nos discursos do governante e “incerteza” 16
vezes, enquanto a expressão “pandemia” surgiu 15 vezes. Os
discursos foram predominantemente focados no presente, pelo que o ano
de 2024 foi referido três vezes, o de 2025 duas vezes e o período
2022-2026 uma vez. A análise da Lusa tem
por base nove discursos proferidos por Fernando Medina este ano, todos
na Assembleia da República: a intervenção inicial do ministro das
Finanças no debate sobre o Programa de Estabilidade 2022-2026 (20 de
abril); no debate na generalidade sobre o Orçamento do Estado para
2022(OE2022) - um em 26 de e outro em 29 de abril; na audição de
apreciação na especialidade do OE2022 (13 de maio de 2022); no
encerramento da discussão na especialidade do OE2022 (27 de maio); numa
audição regimental (14 de setembro); no debate na generalidade do
Orçamento do Estado para 2023 (OE2023) - um em 21 de outubro e outro em
27 de outubro); e na especialidade do OE2023 (11 de novembro).