Familiares de vítimas do vulcão Ontake processam governo japonês por falhar alerta
Familiares de vítimas da tragédia do vulcão Ontake, no centro do Japão, em 2014, que causou 63 mortos e desaparecidos, anunciaram que vão processar o governo japonês por não ter informado do risco de erupção.

Autor: Lusa/Açoriano Oriental

 

Os familiares de cinco vítimas daquele que foi o pior desastre vulcânico do Japão em quase um século vão exigir uma indemnização de 150 milhões de ienes (1,2 milhões de euros), explicou o advogado dos queixosos, em declarações reproduzidas pela agência Kyodo.

Os familiares alegam que a Agência Meteorológica do Japão (JMA), sob a alçada do Ministério das Infraestruturas, Transporte e Turismo, não aumentou o nível de alerta antes da erupção do segundo maior vulcão do Japão a 27 de setembro de 2014.

Aquando da erupção do Ontake, de 3.067 metros de altura, localizado a uma centena de quilómetros a norte da cidade de Nagoya e a 200 a sudoeste de Tóquio, centenas de pessoas encontravam-se no local a fazer caminhadas ou a praticar alpinismo.

Cerca de 250 conseguiram abandonar a zona pelo seu próprio pé ou foram retirados, dos quais 69 sofreram ferimentos de distinta gravidade, a maioria por golpes, fraturas e queimaduras.

Duas semanas antes da erupção, a JMA tinha detetado um aumento da atividade vulcânica no Ontake, mas não advertiu para o aumento do risco de erupção, afirmou o advogado.

Além disso, apesar de o governo regional saber que dois sismógrafos, situados perto do vulcão, tinha anteriormente falhado, não fez nada para os reparar, sublinhou.

O ministro porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, afirmou em conferência de imprensa que o Executivo vai lidar “seriamente” com o assunto e responder “adequadamente”.

A JMA ainda não se pronunciou sobre a ação que vai ser interposta num tribunal de Matsumoto na próxima semana.

Meses depois da tragédia do Ontake, a JMA pôs em marcha um novo sistema de alertas para erupções vulcânicas mais célere do que aquele que existia anteriormente com o objetivo de evitar situações idênticas.

O Japão, que assenta sobre o chamado “Anel de Fogo” do Pacífico, tem 110 vulcões ativos.