Falta de professores nas escolas deve-se quase sempre a baixas médicas
13 de jul. de 2022, 11:36
— Lusa/AO Online
“Ao
longo do ano letivo, foram colocados cerca de 27 mil horários em
substituições, portanto 27 mil profissionais disponíveis em diferentes
momentos. As carências de professores em 87,5% dos casos deveram-se a
absentismo por baixa médica”, disse João Costa durante uma audição
regimental na comissão parlamentar de Educação e Ciência.Para
o ministro da Educação, a principal dificuldade prende-se com a
substituição desses docentes, sobretudo em casos em que as baixas são
suspensas e retomadas com apenas um dia de intervalo.Ainda
assim, o responsável admitiu que o problema da falta de professores
tenderá a agravar-se devido ao aumento do número de aposentações e à
redução do número de novos docentes.Para
responder a esse contexto, João Costa elencou um conjunto de 11 medidas,
incluindo as alterações à contratação de professores aprovadas na
semana passada pelo Conselho de Ministros, que vão permitir a renovação
de contratos com horários incompletos e o preenchimento de horários em
zonas e disciplinas mais afetadas.Além
dessas, o Ministério da Educação vai também reforçar a monitorização das
situações de doença domiciliária “para aferir os casos em que a doença
não justifica interrupções”, vai reduzir a dimensão dos quadros de zona
pedagógica para tornar as vagas disponíveis mais atrativas e reduzir a
cedência de professores a outras organizações, medida que deverá
traduzir-se no regresso de 500 docentes às escolas.A
partir de setembro, o Ministério da Educação vai também iniciar o
processo de concertação social sobre a revisão do modelo de recrutamento
e colocação de professores, com o objetivo de criar “condições para a
fixação de mais professores em quadro de escola, de forma permanente e
com perspetiva de estabilização da sua vida pessoal num território”.Relativamente
às alterações que estão em cima da mesa, o ministro foi depois
questionado pela deputada social-democrata Carla Madureira sobre quais
as medidas previstas para resolver a situação dos professores já
vinculados, mas colocados longe de casa.“Não
trabalhamos onde moramos, moramos onde trabalhamos. O que não é
racional é dizer às pessoas que têm de trabalhar em sítios diferentes a
cada três ou quatro anos”, respondeu o ministro, acrescentado que o
objetivo é assegurar uma maior estabilidade aos docentes.Quanto
a formação de professores, o ministro da Educação indicou que está a
ser preparada a revisão das habilitações para a docência, e vai ser
criado um grupo de trabalho com vista a uma revisão dos requisitos de
acesso aos mestrados em Educação.O mesmo
grupo ficará também encarregue de propor modelos de profissionalização
em serviço “que poderão envolver modalidades diferenciadas de frequência
da formação profissional e de disponibilização de oferta de formação
para profissionais que desejam voltar à profissão”.João
Costa indicou ainda que serão retomados os estágios profissionais
remunerados e que a tutela já pediu às instituições de ensino superior o
aumento do número de vagas para os cursos na área da Educação.