Falta de professores aumentou face ao primeiro período do ano passado
Hoje 16:44
— Lusa/AO Online
“Ao longo do primeiro período
letivo, agora findo, estiveram em contratação de escola 13.446
horários”, enquanto no passado ano letivo foram 9.696 horários, revela a
Federação Nacional dos Professores, que fala num “aumento expressivo”
de 38,7%.Para a Fenprof, estes números
revelam um “problema estrutural profundo”, que se agrava “de semana para
semana: a falta crónica de professores, com a consequente existência
permanente de muitos milhares de alunos sem aulas”.“Em
vários Agrupamentos de Escolas, o número de horários em falta
ultrapassa já a centena, enquanto à escala regional se registam milhares
de horários por preencher”, acrescenta, apontando Lisboa como a região
com mais problemas, tendo 5.285 horários em falta.Setúbal
é a segunda zona do país com mais falta de professores, tendo 1.975
horários vazios, segundo dados da Fenprof, que coloca Faro em terceiro
lugar (1.444 horários) e o Porto em quarto.“Estes
números evidenciam que o problema deixou de ser localizado e assumiu
uma expressão claramente nacional”, afirma a maior estrutura sindical
representativa de professores.Na
terça-feira, o ministro da Educação foi questionado pelos jornalistas
sobre quantos alunos tinham professores em falta, tendo admitido que
ainda não consegue dar um número exato, assim como “ninguém consegue”.A
tutela está a montar um sistema de informação que permitirá responder a
esta questão e que, segundo Fernando Alexandre, será um sistema
certificado, “rigoroso e verificável”: “Não será aquilo que nós hoje
temos na praça pública, que são pessoas a anunciar alunos sem aulas, que
muitas vezes não têm aderência a nenhuma realidade”.O
ministro admitiu que, em “determinadas escolas, em determinadas zonas,
existe um número significativo de horários por preencher, mas isso não
significa que os alunos estejam sem aulas”, porque os diretores têm
instrumentos para minimizar o problema, como poderem recorrer a horas
extraordinárias.Segundo Fernando
Alexandre, a tutela gastou mais de 20 milhões de euros por ano em horas
extraordinárias, “precisamente porque os professores estão a cobrir
essas faltas de horários”. A esta medida,
acrescentou o concurso extraordinário que em breve poderá colocar cerca
de 1.800 professores nas zonas mais carenciadas.Na
terça-feira, também a Missão Escola Pública (MEP) divulgou um inquérito
feito a diretores escolares, que revela que metade dos agrupamentos
chegou ao final do 1.º período com, pelo menos, um horário por
preencher.A atribuição de horas
extraordinárias foi precisamente o recurso mais usado pelos diretores,
com a esmagadora maioria (81%) a confirmar ter recorrido a essa opção
para colmatar a falta de professores.A MEP
considera que o funcionamento regular das escolas está cada vez mais
dependente do esforço adicional dos professores, e questiona a
sustentabilidade desse tipo de resposta.Oito
em cada 10 escolas recorreram também a professores sem formação
pedagógica e 65% chegam a ter 10 horários preenchidos por docentes com
habilitação própria. "Esta prática deixou de ser excecional e passou a
integrar o funcionamento regular de algumas escolas", criticam.O
inquérito mostrou que Lisboa e Vale do Tejo e o Algarve continuam a ser
as regiões mais afetadas, seguindo-se a escolas do centro do país e o
norte."Estes dados confirmam que a
escassez de docentes se alastrou a todo o território nacional", alerta a
MEP, sublinhando que a situação é particularmente grave no 1.º ciclo,
onde “a ausência de professor significa que as crianças deixam de ter
aulas, com impacto direto nas aprendizagens, na avaliação e na equidade
do sistema educativo".