Faculdade de Medicina do Porto lamenta não ser ouvida no tribunal sobre caso dos 30 estudantes
Hoje 11:02
— Lusa/AO Online
“O
tribunal decidiu que não havia direito aos alunos entrarem, o que é uma
decisão bem tomada àquilo que o tribunal conheceu, ou conhecia, mas o
que é um facto é que a Faculdade [de Medicina] não foi ouvida. A versão
da Faculdade não foi ouvida. Portanto o tribunal decidiu com base
exclusivamente na versão da reitoria”, declarou hoje à Lusa Altamiro da
Costa Pereira.O jornal Expresso noticiou
no dia 05 de setembro que o reitor da U.Porto, António Sousa Pereira,
denunciou ter recebido pressões de várias pessoas para deixar entrar na
Faculdade de Medicina 30 candidatos que não tinham obtido a
classificação mínima na prova exigida no curso especial de acesso.A
nota mínima na prova, segundo o regulamento publicado em Diário da
República, é de 14 valores. Apenas sete estudantes tiveram essa nota de
14 valores e o caso foi levado para a justiça.Altamiro
da Costa Pereira lamenta ainda que o advogado da maioria dos 30
candidatos, Paulo Veiga e Moura, “nunca tenha tentado obter
esclarecimentos a partir da Faculdade de Medicina da U. Porto”.“O advogado dos estudantes também nunca contactou a Faculdade de Medicina”.Questionada
pela Lusa sobre se lamentava o facto de a FMUP nunca ter sido ouvida
pelo advogado dos estudantes, Altamiro da Costa Pereira disse que
lamentava o facto de o causídico “não ter ouvido a história toda”.“Claro
[que lamento]. Eu se fosse advogado num processo eu queria saber tudo
sobre o processo e designadamente a posição e os factos invocados pela
Faculdade [de Medicina]”.O diretor da FMUP
lamentou também o facto do presidente da Federação Académica do Porto
(FAP) nunca ter ouvido a “versão da Faculdade de Medicina sobre o caso.“Nunca
ouviu a versão da Faculdade [de Medicina], não teve essa sensatez ou
até essa delicadeza, ou até essa curiosidade, está a perceber”,
declarou.A FAP defendeu, Francisco
Fernandes, a 06 de setembro, que a responsabilidade recaia sobre a FMUP e
sobre a U.Porto, que “falharam na condução do processo, prejudicando 30
candidatos que mudaram a sua vida a contar com a concretização do sonho
de estudar Medicina e lançaram sobre terceiros responsabilidades que
lhes são próprias”.À Lusa, os candidatos
ao concurso especial de acesso ao Mestrado Integrado em Medicina da
U.Porto manifestaram-se lesados pela U.Porto, referindo que mudaram de
cidade, abandonaram empregos de anos, investiram em imóveis e desistiram
de mestrados.O advogado que defende a
maioria dos candidatos excluídos do concurso especial de Medicina da
FMUP confirmou à Lusa que ia recorrer da decisão judicial que ditou a
não colocação dos alunos naquele mestrado integrado na FMUP.“Serve
o presente [e-mail] para confirmar que vão ser preparadas as respetivas
alegações de recurso”, disse o advogado Paulo veiga e Moura.