Exposição sobre Natália Correia integrada no centenário do seu nascimento
12 de mar. de 2021, 17:43
— Lusa/AO Online
Segundo uma nota de
imprensa do município, a mostra de Natália Correia, natural da freguesia
da Fajã de Baixo, concelho de Ponta Delgada, contempla documentos de
arquivo e da livraria da poetisa que existem na Biblioteca Pública
Regional e Arquivo de Ponta Delgada, a par de quatro peças emblemáticas
do espólio da poetisa, à guarda do Museu Carlos Machado.A
presidente da Câmara Municipal, Maria José Duarte, no catálogo da
exposição, refere que “Ponta Delgada orgulha-se de ser o berço de um
dos grandes vultos femininos da segunda metade do século XX em
Portugal”.De acordo a autarca, Natália
Correia deixou “um legado que é a expressão do seu pensamento
desassombrado, provocador, idealista, ativista e militante pela
liberdade, pelo amor, pelo feminismo ou pelos direitos humanos”, sendo
responsabilidade do município “honrar o seu contributo ímpar para a
cultura e para o pensamento português contemporâneo”.O
ciclo comemorativo do centenário do nascimento de Natália Correia, que
se assinala em 23 de setembro de 2023, teve início com a apresentação do
Prémio Literário Natália Correia, através do qual é proposta a
celebração da poeta e escritora como inspiração para a criação poética e
literária na língua portuguesa.O Prémio
Literário Natália Correia, que oferece 7.500 euros e a publicação da
obra vencedora, “é aberto a autores de todas as nacionalidades, com
obras originais e inéditas, e redigidas na língua portuguesa”.Terá
uma “periodicidade anual e uma alternância também anual entre a
produção poética e o domínio da narrativa, ou seja, o romance e o
conto”, segundo explicou a presidente da Câmara Municipal de Ponta
Delgada, Maria José Lemos Duarte, em janeiro, na apresentação da
iniciativaA obra vencedora será
selecionada por um júri constituído por Ângela Almeida, Dinis Borges,
Lélia Nunes, Vera Duarte e Luís Sarmento.Este ano, será premiada uma obra de poesia.Natália
Correia nasceu em 13 de setembro de 1923, na freguesia da Fajã de
Baixo, em Ponta Delgada, e foi viver para Lisboa aos 11 anos.Apesar
de ser conhecida como poetisa, a extensa obra da escritora micaelense
inclui também trabalhos de ficção, teatro, ensaio e diário.Foi
responsável pela organização de várias antologias, das quais se destaca
a “Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica”, um livro
censurado pelo Estado Novo, que lhe valeu uma pena suspensa de três anos
de prisão, em 1966.Destacou-se também na
vida política, onde apoiou o Movimento de Unidade Democrática e a
Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, em oposição ao Estado Novo,
bem como as candidaturas à presidência da República dos generais Norton
de Matos e Humberto Delgado.Foi eleita
como deputada à Assembleia da República pelo PSD, em 1980, mas acabaria a
legislatura como deputada independente, por não apoiar a visão
conservadora do partido.Voltou a ocupar um assento parlamentar, de 1987 a 1991, pelo Partido Renovador Democrático, do general Ramalho Eanes.Morreu em 16 de março de 1993, em Lisboa, vítima de um ataque cardíaco.