Exposição “Ando Por Aí” cruza viagens ao Japão e ao Minho
17 de jul. de 2024, 15:18
— Ana Carvalho Melo
A exposição “Ando Por Aí”, da autoria de Jorge Kol de Carvalho, que
cruza viagens ao Japão e ao Minho realizadas pelo arquiteto em 2023, é
inaugurada hoje na Traça Studio Gallery, localizada na Rua Pedro Homem,
em Ponta Delgada.Em conversa com o Açoriano Oriental, o fotógrafo e
arquiteto Jorge Kol de Carvalho partilhou que esta exposição coloca em
diálogo registos fotográficos realizados durante duas viagens que fez em
2023: ao Japão e ao Minho, em Portugal.“Como arquiteto, estou
sempre à procura de arquiteturas, mesmo que não sejam de grandes
autores. Procuro geometrias que me agradam e gosto de fotografar essas
formas”, contou, explicando que as suas imagens têm sempre uma forte
carga de geometria, reflexo da sua formação e personalidade.Durante a
sua viagem ao Japão, Kol de Carvalho procurou influências do arquiteto
Tadao Ando, de onde surgiu o nome da exposição “Ando Por Aí”. Quando
visitou a região do Minho, em Portugal, fotografou os espigueiros de
Soajo e Lindoso, sem a intenção inicial de criar um projeto. No entanto,
ao rever e editar as fotos, percebeu a conexão entre as duas viagens.
“É o mesmo gesto, não é a mesma arquitetura, mas há uma semelhança no
olhar”, explicou.A exposição, que inaugura hoje, surgiu por convite
de Mário Roberto e apresenta 10 fotografias organizadas em cinco
conjuntos, explorando contrastes e semelhanças. Conta ainda com um texto
da folha de sala, realizado pela também arquiteta Celina Vale, que traz
“uma leitura de arquiteto para a exposição”.Ainda nesta conversa,
Kol de Carvalho refletiu sobre a sua formação e motivação como
fotógrafo. “Comecei na fotografia enquanto estudava arquitetura, fazendo
cursos fora da escola”, contou. Nesse sentido, mencionou que muitos
arquitetos da sua geração se aventuraram na fotografia, pintura e
desenho, o que se deveu à profunda formação interdisciplinar que
tiveram. No seu caso, refere que, apesar de a fotografia ser um gosto de
sempre, foi após a reforma que decidiu dedicar-se a esta arte de forma
mais regular.Sobre esta exposição, Celina Vale afirma na folha de
sala: “Nesta exposição, o autor atreve-se a colocar, lado a lado, a
arquitetura vernacular popular portuguesa e a arquitetura japonesa
contemporânea de assinatura. Provoca-nos como se uma fosse o espelho da
outra e vice-versa. Divide-nos em duplicidades de significados...
materialidades, jogos de luz e sombra, quase numa confirmação de que a
arquitetura resulta da convergência das mais diversas dimensões
referenciais e da casualidade”.“No entanto, desta vez, não foram as
ambivalências do tema que o motivaram a expor, mas sim a estupefação que
sentiu nas similitudes de enquadramentos que encontrou aquando da
seleção das fotos de ambas as séries, fruto de uma viagem ao Japão e
outra ao Minho”, destaca.A exposição, que conta com edição de
fotografia de Ricardo Moura e execução das molduras António, Carreiro,
ficará patente até 5 de agosto na Traça Studio Gallery.