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Exposição “Ando Por Aí” cruza viagens ao Japão e ao Minho

Exposição “Ando Por Aí”, de Jorge Kol de Carvalho, que une as influências das suas viagens ao Japão e ao Minho, é inaugurada esta quarta-feira na Traça Studio Gallery. Mostra promete provocar reflexões sobre a universalidade do olhar arquitetónico


Autor: Ana Carvalho Melo

A exposição “Ando Por Aí”, da autoria de Jorge Kol de Carvalho, que cruza viagens ao Japão e ao Minho realizadas pelo arquiteto em 2023, é inaugurada hoje na Traça Studio Gallery, localizada na Rua Pedro Homem, em Ponta Delgada.

Em conversa com o Açoriano Oriental, o fotógrafo e arquiteto Jorge Kol de Carvalho partilhou que esta exposição coloca em diálogo registos fotográficos realizados durante duas viagens que fez em 2023: ao Japão e ao Minho, em Portugal.

“Como arquiteto, estou sempre à procura de arquiteturas, mesmo que não sejam de grandes autores. Procuro geometrias que me agradam e gosto de fotografar essas formas”, contou, explicando que as suas imagens têm sempre uma forte carga de geometria, reflexo da sua formação e personalidade.

Durante a sua viagem ao Japão, Kol de Carvalho procurou influências do arquiteto Tadao Ando, de onde surgiu o nome da exposição “Ando Por Aí”. Quando visitou a região do Minho, em Portugal, fotografou os espigueiros de Soajo e Lindoso, sem a intenção inicial de criar um projeto. No entanto, ao rever e editar as fotos, percebeu a conexão entre as duas viagens. “É o mesmo gesto, não é a mesma arquitetura, mas há uma semelhança no olhar”, explicou.

A exposição, que inaugura hoje, surgiu por convite de Mário Roberto e apresenta 10 fotografias organizadas em cinco conjuntos, explorando contrastes e semelhanças. Conta ainda com um texto da folha de sala, realizado pela também arquiteta Celina Vale, que traz “uma leitura de arquiteto para a exposição”.

Ainda nesta conversa, Kol de Carvalho refletiu sobre a sua formação e motivação como fotógrafo. “Comecei na fotografia enquanto estudava arquitetura, fazendo cursos fora da escola”, contou. Nesse sentido, mencionou que muitos arquitetos da sua geração se aventuraram na fotografia, pintura e desenho, o que se deveu à profunda formação interdisciplinar que tiveram. No seu caso, refere que, apesar de a fotografia ser um gosto de sempre, foi após a reforma que decidiu dedicar-se a esta arte de forma mais regular.
Sobre esta exposição, Celina Vale afirma na folha de sala: “Nesta exposição, o autor atreve-se a colocar, lado a lado, a arquitetura vernacular popular portuguesa e a arquitetura japonesa contemporânea de assinatura. Provoca-nos como se uma fosse o espelho da outra e vice-versa. Divide-nos em duplicidades de significados... materialidades, jogos de luz e sombra, quase numa confirmação de que a arquitetura resulta da convergência das mais diversas dimensões referenciais e da casualidade”.

“No entanto, desta vez, não foram as ambivalências do tema que o motivaram a expor, mas sim a estupefação que sentiu nas similitudes de enquadramentos que encontrou aquando da seleção das fotos de ambas as séries, fruto de uma viagem ao Japão e outra ao Minho”, destaca.

A exposição, que conta com edição de fotografia de Ricardo Moura e execução das molduras António, Carreiro, ficará patente até 5 de agosto na Traça Studio Gallery.