Executivo açoriano perdeu "a legitimidade dos acordos" apresentados para formar governo
10 de mar. de 2023, 16:50
— Lusa
“O causador da
instabilidade é o Governo. E a legitimidade dos acordos formalizados,
que justificaram a formação de Governo, já não existe. O Governo está
preso por um fio frágil da aritmética parlamentar”, afirmou Vasco
Cordeiro, também deputado na Assembleia Legislativa, em declarações aos
jornalistas à margem do plenário que se realiza na cidade da Horta.Perante
o fim dos acordos parlamentares do executivo com o deputado da
Iniciativa Liberal (IL) e independente, que deixou o Governo Regional
sem maioria absoluta no parlamento, Vasco Cordeiro recomenda ao
executivo que “reflita” sobre se manter-se em funções “é a melhor forma
de servir os açorianos”.“Questiono o
Governo sobre se esta latência de instabilidade é a melhor forma de
servir os Açores. Por outro lado, questiono se está o Governo disponível
para devolver a palavra aos açorianos”, afirmou Vasco Cordeiro. O
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse na quinta-feira
que a dissolução do parlamento dos Açores não se coloca neste momento e
o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, explicou hoje
que, sem maioria parlamentar, negociará os diplomas “caso a caso”,
nomeadamente o orçamento de 2024, recusando a apresentação de uma moção
de confiança para não gerar instabilidade.O PS diz que “o problema foi criado pelo governo”, o que “coloca a responsabilidade da solução no governo”.“Para
já, o PS não pondera apresentar uma moção de censura, mas não exclui
essa possibilidade no futuro”, observou Vasco Cordeiro.Na
quarta-feira, o deputado único da Iniciativa Liberal no parlamento
açoriano, Nuno Barata, rompeu o acordo de incidência parlamentar de
suporte ao Governo Regional dos Açores, chefiado pelo social-democrata
José Manuel Bolieiro, e depois o independente Carlos Furtado, ex-Chega,
também rompeu com esse acordo.O executivo
regional de coligação PSD/CDS-PP/PPM passou assim a ter o apoio de
apenas 27 deputados em vez dos iniciais 29, mantendo um acordo de
incidência parlamentar com o Chega. Falta-lhe um deputado para assegurar
a maioria dos votos no parlamento açoriano, que é composto por 57
deputados.O PS venceu as eleições
legislativas regionais de 25 de outubro de 2020 nos Açores, mas perdeu a
maioria absoluta, que detinha há 20 anos, elegendo 25 deputados.Em
07 de novembro, o representante da República indigitou o líder da
estrutura regional do PSD, José Manuel Bolieiro, como presidente do
Governo Regional, justificando a decisão com o facto de a coligação
PSD/CDS-PP/PPM ter apoios que lhe conferiam maioria absoluta na
assembleia legislativa.Por outro lado,
Pedro Catarino sublinhou, na altura, que o PS não apresentou "nenhuma
coligação de governo", apesar da vitória nas eleições.Os
três partidos que integram o Governo Regional (PSD, CDS-PP e PPM) têm
26 deputados na assembleia legislativa e contam agora apenas com o apoio
parlamentar do deputado do Chega, José Pacheco, somando assim 27
lugares num total de 57, pelo que perdem a maioria absoluta. A oposição
tem agora 30 deputados, quando antes tinha 28.