Exames no secundário mantêm-se, mas com peso mais baixo na nota final
7 de fev. de 2023, 11:13
— Lusa/AO Online
As
alterações foram apresentadas em conferência de imprensa, no
Ministério da Educação, em Lisboa, pelos ministros da Educação, João
Costa, e da Ciência e Ensino Superior, Elvira Fortunato.Questionados
pelos jornalistas, João Costa e Elvira Fortunato recusaram qualquer
divergência entre ministérios no que diz respeito à manutenção ou fim
dos exames nacionais do ensino secundário, tendo o ministro da Educação
justificado a opção pela continuidade com a necessidade de assegurar
mecanismos que permitam aferir a “fiabilidade e equidade do sistema”, e
com a “necessidade de continuar a aprofundar a complementaridade entre
avaliação interna e avaliação externa no sentido de uma valorização do
ensino secundário como um fim em si mesmo e não apenas como porta de
acesos ao ensino superior”.“Não há
divergência nenhuma, embora por vezes se goste de criar folhetins”,
disse João Costa, que mais à frente rejeitaria também qualquer decisão
tomada de acabar com exames nacionais e que qualquer afirmação em
contrário “não passa de uma fantasia”, afirmando ainda que foram
“equacionados múltiplos cenários”.Já
Elvira Fortunato sublinhou o trabalho “em articulação” entre os dois
ministérios e deixou a garantia de que o Governo não quer “criar
qualquer problema no acesso ao ensino superior”.Para
os alunos que estão este ano no 12.º ano, não há qualquer alteração nas
regras de cálculo da média final do ensino secundário nem nas condições
de acesso ao ensino superior face ao que vigorou nos últimos dois anos,
por uma questão “de previsibilidade”, explicou o ministro da Educação,
sublinhando que para estes alunos continuam a vigorar as regras
aplicadas durante a pandemia.As alterações
começam a fazer-se sentir no próximo ano. O novo modelo prevê que os
alunos que estão este ano no 10.º ano a partir do próximo ano letivo já
sejam abrangidos pelo modelo de três exames obrigatórios, com a prova
final de Português a ser obrigatória para todos os cursos do ensino
secundário, e podendo os alunos escolher dois exames em disciplinas que
tenham frequentado, e que podem não ser necessariamente do seu curso
científico, no âmbito da flexibilidade de percursos escolares que agora é
permitida aos alunos.Só os que entrarem
no próximo ano letivo para o 10.º ano começam a ter aplicado o novo
modelo na totalidade, o que significa que no cálculo da sua média final
do ensino secundário as diferentes disciplinas que frequentaram vão ter
uma ponderação diferenciada consoante sejam disciplinas de três, dois ou
apenas um ano no percurso dos alunos.As
disciplinas trienais, como Português ou Matemática, vão ter uma
ponderação superior para a média final do que disciplinas anuais ou
bienais.Para João Costa, esta revisão era “o momento de introduzir e garantir proporcionalidade entre disciplinas do ensino secundário”.No
novo modelo, os exames nacionais deixam de ter um peso de 30% para a
nota final na disciplina em exame, para passarem a valer apenas 25%
nessa ponderação.Já para o acesso ao
ensino superior, cujas regras estão a ser revistas e vão ser
apresentadas na sexta-feira, em Coimbra, segundo anunciou Elvira
Fortunato, na fórmula de cálculo para entrar nas universidades e
politécnicos os exames nacionais que sejam provas de acesso vão ter um
peso mínimo de 45%.E a cada instituição
continuará a caber a decisão sobre o número de exames pedidos para
ingresso que, segundo a ministra da Ciência e Ensino Superior, serão,
“no mínimo dois”, à semelhança do que já acontece.A
ministra não quis adiantar mais pormenores sobre a revisão que vai ser
apresentada no final da semana, mas sublinhou que “o processo de revisão
foi partilhado com todos os atores” do ensino superior, tendo recebido
pareceres de todos eles, os quais foram tidos em conta para se chegar “à
melhor conclusão possível”.