Autor: Lusa/AO Online
“Esta resolução, aprovada por unanimidade, foi motivada pela preocupação suscitada com as consequências sociais do encerramento da empresa conserveira Cofaco, na ilha do Pico. Sucede que, até à presente data, nada foi feito com vista a garantir a sua aplicação”, afirmou o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores de Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritório e Serviços (SABCES) dos Açores, Vítor Silva, numa conferência de imprensa na Madalena, na ilha do Pico.
Em maio de 2018, a conserveira Cofaco, dona do atum Bom Petisco, encerrou a fábrica da ilha do Pico, despedindo 162 trabalhadores, com o compromisso de abrir uma nova fábrica até janeiro de 2020, com capacidade inicial para 100 trabalhadores e a possibilidade de aumentar o efetivo até 250.
Face ao impacto previsto do despedimento coletivo na economia da ilha do Pico, a Assembleia da República aprovou, por unanimidade, em julho de 2018, uma resolução proposta pelo PCP que previa a criação de um “regime especial e transitório de facilitação de acesso, majoração de valor e prolongamento de duração de apoios sociais aos trabalhadores em situação de desemprego” na ilha.
Segundo Vítor Silva, se a resolução publicada em Diário da República em agosto de 2018 não for, entretanto, aplicada, alguns dos ex-trabalhadores da Cofaco deixarão de receber o subsídio de desemprego em junho e algumas famílias correm risco de “ficar sem qualquer fonte de rendimento”.
“Ficamos perante uma situação inaceitável e que prejudica os trabalhadores e as suas famílias, mas acima de tudo a ilha do Pico, contribuindo para o retrocesso social e económico das ilhas do Triângulo [Faial, São Jorge e Pico] e consequentemente da região”, salientou.
Sem medidas para minorar o efeito da redução do poder de compra dos 162 trabalhadores despedidos da conserveira, o sindicalista disse que a ilha do Pico fica “na iminência de uma catástrofe económica e social de grandes proporções”, alegando que os efeitos se “agravarão com o aprofundar do círculo vicioso de recessão e de aumento do desemprego”.
O SABCES/Açores vai solicitar reuniões com os partidos com assento na Assembleia Legislativa da Região e com os deputados eleitos pelos Açores à Assembleia da República para alertar para o atraso da implementação das majorações.
Serão ainda solicitadas reuniões com os ministros do Trabalho e da Solidariedade e Segurança Social, através da Federação dos Sindicatos da Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal.