Ex-responsável da Estrutura dos Açores para o Espaço denuncia falta de estratégia
Hoje 10:48
— Lusa/AO Online
“Com a delegação de competências
sobre matérias relacionadas com o Espaço no secretário dos Assuntos
Parlamentares e Comunidades, a EMA-Espaço tem enfrentado, à data que
apresentei a demissão, constrangimentos significativos que contrastam
com o dinamismo observado no XIII Governo Regional”, afirmou Paulo
Quental, ouvido na comissão de Assuntos Sociais da Assembleia
Legislativa.O antigo coordenador
referia-se à passagem da EMA-Espaço da tutela da subsecretaria regional
da Presidência para a atual orgânica, onde
se insere nas competências da secretaria dos Assuntos Parlamentares e
Comunidades do XIV Governo Regional, liderada por Paulo
Estêvão.Paulo Quental, cuja audição foi
solicitada pelo PS, confirmou que pediu a exoneração a 13 de outubro,
mas revelou que já tinha pedido para sair de funções em julho de 2024.“Desde
o início do mandato do XIV Governo, a EMA-Espaço enfrentou limitações à
sua atuação, nomeadamente devido à nomeação de responsáveis de
supervisão no gabinete do secretário dos Assuntos Parlamentares,
cerceando as competências técnicas e experiências necessárias para
acompanhar as especificidades da área”, relatou.O
engenheiro, que foi nomeado coordenador em 2022, considerou que a
redução em cerca de 50% do orçamento da estrutura na proposta do Plano
para 2026 reflete uma “redução clara da aposta” no setor.“A
única parte que não percebi é que, depois, quando há um reforço para a
secretaria, venha zero para o Espaço. Pediram para cortar tudo ao
mínimo. Zero veio para o setor do Espaço, enquanto as Comunidades e a
Comunicação Social tiveram um reforço. Então, é porque há uma
divergência de apostas”, afirmou, exemplificando com outras áreas
tuteladas por aquela secretaria regional.Paulo
Quental apontou também “vetos de gaveta”, “falta de disponibilidade” e
instalações “onde chove lá dentro” para explicar o “desgaste” da função.“Um
exemplo de como a execução financeira fica na gaveta é, por exemplo,
não termos pago o apoio da conferência LPAZ o ano passado, na qual até o
senhor secretário foi fazer a abertura e nunca chegamos a fazer o
pagamento”, condenou.Considerando que a
função da EMA-Espaço está “próxima da sua conclusão”, devido à
instalação da sede da Agência Espacial Portuguesa em Santa Maria, Paulo
Quental denunciou também a “perda de autonomia técnica na implementação
da estratégia dos Açores para o Espaço”.“Houve
uma falta de disponibilidade e de estratégia clara por parte do senhor
secretário regional que dificultou o estabelecimento de relações
institucionais essenciais ao desenvolvimento do setor na região”,
acrescentou.Na comissão também foi ouvido o
antigo membro da EMA-Espaço Duarte Cota, que justificou a saída com
“razões estritamente profissionais”, já que concorreu a um lugar na
Agência Espacial Portuguesa.Por proposta
do PSD/Açores, os deputados aprovaram a audição do secretário dos
Assuntos Parlamentares, para prestar esclarecimentos sobre a situação da
EMA-Espaço.