Ex-provedor da Saúde nos Açores e secretário da tutela trocam acusações
19 de mai. de 2022, 14:02
— Lusa/AO Online
“Fiquei
surpreendido quando vi a notícia de que o Governo dizia que não tinha
conhecimento do trabalho realizado pelo provedor da Saúde. Até parece
má-fé!, lamentou Carlos Arruda, ouvido pelos deputados a propósito da
polémica em torno da extinção do cargo de provedor do Utente da Saúde,
garantindo ter enviado ao executivo relatórios anuais da sua atividade.Por
seu lado, o secretário regional da Saúde defendeu que o provedor não
cumpriu as funções para as quais foi nomeado, tendo mesmo falado em
“ineficácia” e “pouca produtividade” no exercício do cargo, que era
remunerado “ao nível de um diretor regional”.“O
provedor era um mero recetáculo de queixas. Recebia as reclamações e
depois remetia-as à tutela sem sugestões ou recomendações”, justificou
Clélio Meneses, acrescentando que este trabalho, além de revelar “pouco
produtividade”, mostrava também “ineficácia”.No
entanto, o também médico Carlos Arruda, que foi nomeado provedor da
Saúde pelo anterior governo socialista e exonerado pelo atual governo de
coligação PSD/CDS/PPM, entende que houve “motivações políticas” para o
seu afastamento.“Nunca estive ligado à
política, mas vivia numa espécie de bolha desde 2021, ignorado,
desvalorizado e esquecido pela tutela”, lamentou o ex-provedor da Saúde,
lembrando que solicitou várias reuniões com o secretário da Saúde, mas
que nunca conseguiu falar com Clélio Meneses.Durante
a audição, o governante revelou ter-se deslocado pessoalmente ao
gabinete do provedor da Saúde, mas o médico em causa “nunca estava no
local”, versão que não coincide com a de Carlos Arruda, que garante que o
secretário “passou várias vezes” à porta do seu gabinete, mas “nunca
parou para falar ou saber se precisava de alguma coisa”.As
audições do ex-provedor da Saúde e do secretário regional da tutela
ocorreram por iniciativa do PS, que quis saber quais as razões que
levaram à extinção do cargo, mas o assunto foi desvalorizado pelos
deputados do PSD, que entendem que o aproveitamento político deste caso
não passa de uma “hipocrisia”.