Ex-ministro João Gomes Cravinho com aval final para ser representante da UE no Sahel
18 de nov. de 2024, 16:24
— Lusa/AO Online
“O
Conselho nomeou João Cravinho Representante Especial da UE (REUE)
para a região do Sael. O novo REUE contribuirá ativamente para os
esforços regionais e internacionais no sentido de alcançar uma paz
duradoura, a segurança, a estabilidade e o desenvolvimento sustentável
na região, que inclui o Burkina Faso, o Chade, o Mali, a Mauritânia e o
Níger”, refere a instituição em comunicado.“O
REUE colaborará também com os países da bacia do Lago Chade e com
outros países e entidades regionais ou internacionais dentro e fora da
região, incluindo o Magrebe e o Golfo da Guiné e os países vizinhos
afetados pela dinâmica do Sahel”, é também referido.A
nomeação tinha já sido acordada na semana passada, pelo que foi
formalizada hoje em Bruxelas, com João Gomes Cravinho a começar a
desempenhar este cargo de representante especial da UE para o Sahel em
dezembro próximo e até agosto de 2026.A função foi criada em 2013 para promover o diálogo político, a coerência e a coordenação.O
Sahel é uma extensa área que atravessa longitudinalmente África, desde o
Senegal até à Eritreia, mas o foco da UE vai centrar-se na Mauritânia,
Mali, Burkina Faso, Chade e Níger, sendo que em três deles houve golpes
de Estado nos últimos anos (Mali, Burkina Faso e Níger), devendo também
ser dada uma atenção especial aos países da costa atlântica.Esta
região é muito importante para a UE em termos de segurança e
estabilidade, de compromissos internacionais em matéria de clima e
desenvolvimento sustentável e de rotas migratórias ligadas à Europa.De
momento, o Sahel atravessa várias crises simultâneas, como uma crise de
segurança com ataques regulares perpetrados por grupos armados e
terroristas contra civis e forças de segurança, mas também alimentada
pela violência interétnica, estimando-se que mais de 4.000 pessoas
tenham morrido em 2019 devido a ataques.A
abordagem da UE combina o compromisso político, o apoio à segurança e à
defesa, bem como uma ampla assistência humanitária e ao desenvolvimento,
sendo que, desde 2014, a União e os seus Estados-membros mobilizaram
cerca de oito mil milhões de euros no total.Em
meados de outubro, em declarações à Lusa, João Gomes Cravinho afirmou
que a Europa é a única capaz de “tomar conta daquela região”.“Trabalho
não me vai faltar, e importância estratégica da região para a Europa
também não; se não tomarmos conta disto, e mais ninguém vai tomar,
porque os Estados Unidos olham para o Sahel como um problema que afeta a
Europa, a NATO também não tem instrumentos nem vocação para trabalhar
aqui, portanto é a União Europeia que tem de usar os seus instrumentos
para gerar uma dinâmica diferente na região", disse na altura o antigo
governante.