Ex-ministro assegurou que seriam Açores a identificar projetos para 117 ME
PRR
18 de mai. de 2022, 11:47
— Lusa/AO Online
Num
ofício, a que a agência Lusa teve acesso, datado de 11 de agosto de
2021, enviado a José Manuel Bolieiro, o ex-ministro Nelson Souza indica
que, “para efeitos de utilização efetiva” dos 117 milhões de euros
correspondentes a 1% da verba destinada aos Açores no âmbito do PRR, “se
identifique, de entre os concursos/medidas de aplicação nacional, os
que o Governo Regional considera de interesse particular e o respetivo
valor estimado do investimento associado”.“O
Governo da República, através da Estrutura de Missão Recuperar Portugal
(EMRP), informará as entidades responsáveis pela promoção dos
investimentos em causa, sobre o interesse manifestado, para que os
concursos contemplem a elegibilidade territorial da Região Autónoma dos
Açores”, refere-se no ofício.O documento
define duas frações para os 5% do PRR destinado aos Açores: a fração A
(correspondente a 4%), de 580 milhões de euros, e a fração B
(correspondente a 1%), de 117 milhões de euros.Esta
verba de 117 milhões de euros foi, no final de 2021, identificada pelo
Governo Regional como estando destinada a candidaturas de empresas
açorianas no âmbito do processo das Agendas Mobilizadoras aberto pela
República.O ex-ministro transmitiu a José
Manuel Bolieiro que “ficarão assim garantidos os direitos de utilização
da totalidade da verba dos 5% do PRR acordada entre o Governo da
República e o Governo Regional”.Caberia à
Estrutura de Missão Recuperar Portugal (EMRP) “manter um registo
atualizado do montante utilizado” pelos Açores, acrescenta o documento.Nos
termos definidos pelo ministro no ofício, o procedimento relativo a 1%
do PRR dos Açores seria “mantido até se esgotar o montante de 117
milhões de euros”.O ex-ministro do
Planeamento afirmou na terça-feira que estão disponíveis 117 milhões
para as empresas açorianas no PRR, considerando “pura falsidade” as
declarações do presidente do Governo Regional sobre a reabertura das
Agendas Mobilizadoras.“Em termos
genéricos, o dinheiro continua disponível. Continua disponível para
entidades e organizações da região que possam apresentar projetos a
concursos nacionais e possam ver os projetos de acordo com as regras e
critérios de seleção desses concursos”, declarou Nelson Souza.Ouvido
durante cerca de três horas na comissão de inquérito ao processo das
Agendas Mobilizadoras do parlamento açoriano, que decorreu hoje em Ponta
Delgada, Nelson Souza rejeitou que aqueles 117 milhões de euros fossem
de atribuição direta à região no âmbito das Agendas Mobilizadoras, sendo
antes um valor proveniente dos vários concursos nacionais do PRR.“Estar disponível e estar garantido são coisas completamente diferentes”, ressalvou.O
Governo dos Açores afirmou, também na terça-feira, que “confia na
garantia” do executivo da República de que “as empresas açorianas não
perderão nenhum cêntimo” dos 117 milhões de euros do PRR.Num
esclarecimento divulgado no portal oficial, o executivo de coligação
PSD/CDS-PP/PPM indicou que o Governo da República se comprometeu, em
agosto de 2021, por escrito, a destinar 117 milhões de euros para
projetos açorianos que “obtenham financiamento em quaisquer concursos de
âmbito nacional”.“O Governo dos Açores
reitera, como desde o primeiro momento, que os referidos 117 milhões de
euros foram confirmados na missiva de agosto do ex-ministro [do
Planeamento] Nelson de Souza e confia na garantia do Governo da
República de que as empresas açorianas concorrentes a estas verbas não
perderão nenhum cêntimo”, lê-se na nota de imprensa.A
20 de outubro, depois de críticas ao processo das Agendas Mobilizadoras
nos Açores, o presidente do Governo Regional anunciou que aquelas
candidaturas de empresas açorianas a 117 milhões de euros do PRR iriam
começar do zero.José Manuel Bolieiro
indicou que, para acabar com as suspeições sobre o Governo dos Açores e
as empresas da região que se candidataram às Agendas Mobilizadoras, os
consórcios deixavam cair as propostas, tendo em vista o reinício do
processo, com a garantia, do ministro do Planeamento, de que a região
não perdia “nem um cêntimo”.A comissão de
inquérito às agendas mobilizadoras foi aprovada por unanimidade no
parlamento açoriano em outubro de 2021, depois de vários partidos terem
questionado a gestão feita pelo Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) às
verbas previstas no PRR para o arquipélago ao abrigo daquele programa.Em
causa estava uma alegada verba inicial de 117 milhões de euros,
financiada pelo PRR, destinada a projetos de inovação, turismo e
agroindústria, a que poderiam candidatar-se as empresas açorianas que
apresentassem projetos em consórcio.