Ex-autarca do Funchal e empresários investigados por corrupção saem em liberdade
15 de fev. de 2024, 10:10
— Lusa/AO Online
Segundo
o despacho do juiz Jorge Bernardes de Melo, do Tribunal Central de
Instrução Criminal, em Lisboa, foi aplicada a medida cautelar menos
gravosa ao ex-presidente do município Pedro Calado (PSD), bem como aos
empresários Avelino Farinha, líder do grupo de construção AFA, e
Custódio Correia, principal acionista do grupo ligado à construção civil
Socicorreia.“Não se encontrando indiciada
a prática, pelo arguido Custódio Ferreira Correia, pelo arguido José
Avelino Aguiar Farinha e/ou pelo arguido Pedro Miguel Amaro de
Bettencourt Calado de um qualquer crime, deverão os mesmos aguardar os
ulteriores termos do processo sujeitos à medida de coação de termo de
identidade e residência”, refere o documento.Na
sexta-feira, o Ministério Público – que pode recorrer das medidas de
coação - tinha pedido prisão preventiva, a medida mais gravosa, para os
três arguidos.O termo de identidade e
residência, de aplicação obrigatória quando alguém é constituído
arguido, consiste na identificação da pessoa e indicação da sua
residência, bem como na obrigação de comparecer perante as autoridades
sempre que houver uma notificação.O arguido não pode mudar de residência ou ausentar-se por mais de cinco dias sem comunicar o lugar onde pode ser encontrado.A
Polícia Judiciária (PJ) realizou, em 24 de janeiro, cerca de 130 buscas
domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos
Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que
investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica
em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem,
abuso de poderes e tráfico de influência.A PJ deteve nesse dia o então presidente da Câmara do Funchal, que entretanto renunciou ao cargo, e os dois empresários.O
presidente do Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel
Albuquerque, foi constituído arguido e acabou por renunciar ao cargo, o
que implicou a demissão do executivo.Em
causa no processo estão suspeitas de corrupção ativa e passiva,
participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta
indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência, segundo
a PJ.De acordo com documentos judiciais a
que a Lusa teve acesso, o Ministério Público refere que o
social-democrata Miguel Albuquerque, Pedro Calado e Avelino Farinha
estabeleceram, “ao longo do tempo, uma relação de particular proximidade
e confiança” que terá beneficiado aquele grupo empresarial “ao arrepio
das regras da livre concorrência e da contratação pública”.Entre
os contratos alvo de investigação criminal, indicam os documentos
judiciais, estão a concessão de serviço público de transporte rodoviário
de passageiros na ilha da Madeira, a concessão do Teleférico do Curral
das Freiras, o projeto da requalificação da Praia Formosa e o Funchal
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