Ex-administrador rejeita responsabilidades na insolvência da Azores Parque
4 de nov. de 2022, 17:44
— Lusa
O
Tribunal Judicial de Ponta Delgada, nos Açores, está a repetir o
julgamento da insolvência da antiga empresa municipal Azores Parque,
porque, em fevereiro, o Tribunal da Relação de Lisboa decidiu “julgar
procedente o recurso” interposto pela advogada de defesa de Carlos
Silveira, administrador de direito da Azores Parque e um dos dois
condenados no processo, determinando a citação de Rui Cordeiro e "a sua
afetação no incidente de insolvência culposa".Hoje,
Carlos Silveira reafirmou que se limitava "a assinar os documentos" que
"eram entregues a Rui Cordeiro", acrescentando que o ex-presidente do
clube desportivo Santa Clara "sabia tudo o que se passava na conta" da
Azores Parque."Ele tinha acesso à conta bancária e geria as transferências", vincou Carlos Silveira, perante a juíza.Rui
Cordeiro, que foi o primeiro a ser ouvido na repetição do julgamento da
Azores Parque, na quinta-feira, rejeitou "qualquer intervenção" na
gestão e venda da antiga empresa municipal, tendo prestado apenas
serviços jurídicos como advogado.Carlos
Silveira garantiu que “o convite” para integrar o conselho de
administração da Azores Parque “foi feito por Rui Cordeiro”, que lhe
“prometeu uma boa oportunidade de carreira”.Só depois, Carlos Silveira constatou que existiam "outros administradores", assinalou."Não
sabia que a Azores Parque estava a ser prejudicada", sustentou Carlos
Silveira, atribuindo a Rui Cordeiro a decisão de fecho da conta da
antiga empresa municipal.O ex-administrador da Azores Parque apontou ainda, em tribunal, para a alegada venda rápida de património da Azores Parque."Como
ele era advogado, eu pensava que ele tinha razão", sustentou Carlos
Silveira, garantindo ainda que Rui Cordeiro era "quem dava autorização
de venda de terrenos". A venda da empresa
foi aprovada em Assembleia Municipal, em novembro de 2018, e
oficializada em março de 2019, altura em que a sociedade comercial
Alixir Capital comprou 102 mil ações, com um valor nominal de cinco
euros cada, perfazendo um total de 510 mil euros, mas que foram
adquiridas por 500 euros.Em oito meses, a
Azores Parque alienou vários imóveis por 705 mil euros, mas retirou todo
o dinheiro das contas bancárias antes de ser declarada insolvente.Na
primeira sessão da repetição do julgamento, Rui Cordeiro, ouvido na
qualidade de requerido, Rui Cordeiro, disse ainda que "prestava serviços
jurídicos, passava as minutas e o conselho de administração assinava",
vincando que Carlos Silveira e Khaled Saleh tinham "autonomia enquanto
administradores da Azores Parque".Na
sentença de primeira instância, o tribunal concluiu o “caráter culposo
da insolvência” da Azores Parque com “afetação pessoal” de Carlos
Silveira e Khaled Saleh.Em causa, neste
processo, está a alienação da Azores Parque - Sociedade de
Desenvolvimento e Gestão de Parques Empresariais, uma empresa municipal
de Ponta Delgada que visava a promoção e desenvolvimento urbanístico
imobiliário de parques empresariais.À data
dos factos – 2019 – a presidência da Câmara Municipal de Ponta Delgada
era ocupada pelo atual presidente do Governo Regional dos Açores, José
Manuel Bolieiro (PSD).A sentença de
primeira instância, proferida em 19 de abril de 2021, ilibava o
presidente do Governo Regional, a antiga presidente da Câmara Municipal
Maria José Duarte e Humberto Melo, que era, então, vice-presidente da
autarquia, de insolvência culposa.