Europa promete 450 milhões de vacinas e 425M€ para acelerar vacinação
UE/África
18 de fev. de 2022, 16:51
— Lusa/AO Online
“A UE
reafirma o seu compromisso para fornecer pelo menos 450 milhões de doses
de vacinas a África, em coordenação com a plataforma Africa Vaccine
Acquisition Task Team (AVATT) até meados de 2022”, pode ler-se na
declaração conjunta da cimeira, em que os chefes de Estado e de Governo
da União Europeia e da União Africana, reunidos em Bruxelas desde
quinta-feira, se comprometem a uma “visão comum” e a uma “parceria
renovada”.Identificando como um “desafio
imediato” a garantia de um acesso igualitário a vacinas”, o comunicado
diz que a Equipa Europa já forneceu mais de 3 mil milhões de dólares, o
equivalente a 400 milhões de doses da vacina à plataforma Covax e à
vacinação no continente africano e acrescenta que irá mobilizar 425
milhões de euros para aumentar o ritmo da vacinação, em coordenação com o
Centro de Controlo de Doenças da União Africana (Africa CDC) para
apoiar a distribuição eficiente de vacinas e a formação de equipas
médicas.A UE compromete-se ainda a contribuir para o combate à desinformação sobre temas de saúde.Segundo
o comunicado, os dois blocos prometem “envolver-se construtivamente no
sentido de um acordo numa resposta abrangente da Organização Mundial do
Comércio (OMC) à pandemia, o que inclui aspetos relacionados com o
comércio, assim como aspetos relacionados com a propriedade
intelectual”.A OMC tem tentado, nos
últimos meses, favorecer um acesso mais equitativo às vacinas contra a
covid-19, o que requer um acordo em torno de propostas da Índia e da
África do Sul para suspender as patentes (direitos de propriedade
intelectual) que protegem as descobertas relacionadas com a luta contra a
pandemia, como vacinas, testes ou tratamentos.Para
responder aos efeitos macroeconómicos da pandemia, a declaração final
pede "contribuições voluntárias e ambiciosas" dos países europeus, que
podem redistribuir aos africanos os seus direitos especiais de saque
(SDR) - títulos conversíveis criados pelo Fundo Monetário Internacional e
alocados aos seus estados-membros, que podem gastá-los sem entrar em
dívida.Até agora, os europeus realocaram
coletivamente 13 mil milhões de dólares dos seus SDR para a África, dos
55 mil milhões realocados pelos países ricos ao nível mundial, um nível
bem abaixo do objetivo de 100 mil milhões reivindicado pela UA.As
duas partes comprometem-se ainda a aumentar a cooperação científica
entre investigadores europeus e africanos, assim como a partilha de
tecnologia e conhecimento, incluindo através de uma Agenda de Inovação
UA-UE. Os dois blocos vão ainda encorajar o
intercâmbio de jovens, voluntários e estudantes, através do programa
Erasmus+ e de parcerias entre universidades, assim como o movimento de
artistas e obras de arte entre os dois continentes, encorajando o
“compromisso mútuo para a restituição de bens culturais e promover o
acesso e a proteção do património cultural”.Na
declaração conjunta é anunciado um pacote de investimento de pelo menos
150 mil milhões de euros, que inclui pacotes de Investimento, Saúde e
Educação, e as duas partes comprometem-se a aumentar a integração
económica regional e continental, em particular através da Área
Continental Africana de Comércio Livre.Com
o objetivo de “uma cooperação renovada e reforçada para a paz e a
segurança”, e mantendo o princípio “soluções africanas para problemas
africanos”, as duas partes comprometem-se a apoiar “formação adequada,
reforço de capacidades e equipamento, para reforçar e intensificar as
operações de paz autónomas das forças de defesa e segurança africanas,
nomeadamente através de missões da UE e medidas de assistência”.No
âmbito das migrações, um tema quente das relações entre Europa e
África, os dois lados prometem “trabalhar num espírito de
responsabilidade conjunta e compromisso, no pleno respeito do direito
internacional e direitos humanos fundamentais”.Europeus
e africanos comprometem-se a “prevenir a migração irregular, reforçar a
cooperação contra o contrabando e o tráfico de seres humanos, apoiando a
gestão das fronteiras e a obtenção de melhorias eficazes no regresso,
readmissão e reintegração, incluindo a promoção do retorno voluntário”.Os
dirigentes terminam a declaração comum com um “compromisso pelo
multilateralismo”, com as Nações Unidas no seu centro, com o objetivo de
reduzir as desigualdades globais, aumentar a solidariedade, combater e
mitigar as alterações climáticas e melhorar o fornecimento de “bens
públicos globais”.Apoiar a reforma da OMC,
contribuir para os esforços de reforma do sistema da ONU, incluindo do
Conselho de Segurança, garantir a implementação do Acordo de Paris e das
conclusões das reuniões das partes sobre alterações climáticas (COP) e
trabalhar juntos para desenvolver um acordo de prevenção e resposta a
pandemias são outros compromissos dos líderes reunidos em Bruxelas.