Europa "está a viver o momento mais perigoso desde a Guerra Fria"
Ucrânia
31 de jan. de 2022, 13:02
— Lusa/AO Online
"A Rússia está a fazer uma guerra
de nervos, por isso temos de ser firmes", disse Borrell num artigo
publicado no seu blogue 'Uma janela sobre o mundo' e citado pela agência
espanhola de notícias, a Efe, no qual afirma: "Estamos a viver hoje o
momento mais perigoso desde o período posterior à Guerra Fria".Apesar
do perigo, Borrell defendeu que é preciso seguir a recomendação do
presidente da Ucrânia e evitar o pânico, e escreveu que é por isso que a
União Europeia decidiu manter a presença diplomática em Kiev.Com
o aumento das tensões nas fronteiras orientais da União Europeia, a
"unidade" é a "força" dos 27, disse o chefe da diplomacia europeia, que
defende a manutenção das "vias gémeas da diplomacia e dissuasão" para
abrandar o conflito "utilizando todos os caminhos possíveis", e ao mesmo
tempo manter o apoio à Ucrânia.Neste
contexto, o político espanhol criticou a decisão das autoridades russas,
anunciadas na semana passada, de proibir a entrada na Rússia de "um
número desconhecido de representantes dos Estados membros e instituições
da UE".Esta decisão, acrescentou, "carece
de toda a justificação legal e transparência e terá uma resposta
adequada", avisou o diplomata, acrescentando que situações destas
mostram que a Rússia "continua a alimentar um clima de tensão com a
Europa, em vez de contribuir para acalmar a situação".O
artigo de Borrell surge no mesmo dia em que, em entrevista à CNN,
senadores republicanos e democratas afirmaram que o projeto de lei com
sanções à Rússia está perto de ser acordado entre os dois blocos
políticos norte-americanos.A tensão entre a
Rússia e os EUA aumentou depois da mobilização de 100 mil militares
russos para a fronteira com a Ucrânia, que suscitou receios de um
possível ataque ao território ucraniano, algo que Moscovo nega, mas que
Washington considera iminente.A Ucrânia
está envolvida numa guerra com separatistas pró-russos na região
industrial do Donbass, no Leste do país, desde 2014, que diz ser
fomentada e apoiada militarmente por Moscovo. Na sequência do conflito,
Rússia, Ucrânia, Alemanha e França criaram uma plataforma de diálogo
conhecida por Formato Normandia, mas os líderes dos quatro países não se
reúnem desde 2019.Conselheiros políticos
dos quatros líderes reuniram-se na quarta-feira, em Paris, e marcaram um
próximo encontro para fevereiro, em Berlim, mas não discutiram a
realização de uma nova cimeira, que tem sido sugerida pelo Presidente da
Ucrânia.