Eurodeputados portugueses admitem crise na UE por orçamento a longo prazo
12 de fev. de 2020, 16:00
— Lusa/AO online
“Não
queremos uma crise institucional, mas só estamos dispostos a dar o
nosso consentimento, como temos vindo a dizer, se tivermos um orçamento à
altura das prioridades políticas e um acordo político sobre recursos
próprios”, declarou a eleita do PS Margarida Marques, intervindo num
debate na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de
Estrasburgo, sobre o próximo quadro financeiro plurianual.A
responsável, que é correlatora do Parlamento Europeu para o orçamento
da UE pós 2020, vincou que, nestas negociações, deverá haver “um
exercício em que cada Estado-membro precisa de sair dos seus egoísmos
nacionais, o que é possível, como quase sempre aconteceu ao longo da
história da UE”.Pelo PSD, o eurodeputado
José Manuel Fernandes disse esperar que “o Conselho esteja à altura e
não venha a trair os cidadãos da UE, que não prejudique os agricultores,
as regiões mais pobres, o desenvolvimento rural, e que ajude também a
um crescimento amigo do ambiente” com a proposta de orçamento a longo
prazo que aprovar.“Essa é uma obrigação do
Conselho, que, se não for respeitada, rejeitaremos a proposta”, ameaçou
o também correlator do Parlamento Europeu para área dos recursos
próprios no orçamento da UE a longo prazo.O
eurodeputado bloquista José Gusmão vincou, na sua intervenção, que, “se
houver uma crise institucional, ela acontecerá porque a Comissão e o
Conselho não querem pôr o dinheiro da UE onde põem os seus discursos”.Na
visão do eleito do BE, “não há dinheiro novo para o novo pacto verde, o
que há são propostas de cortes nas políticas que o poderiam implementar
e uma aldrabice orçamental que é contar o velho dinheiro duas vezes”,
já que “continua a haver dinheiro, sim, mas para o velho pacto castanho e
o financiamento das energias fósseis […] e para a militarização da
Europa, ou seja, para a indústria de armamento alemã e francesa”.Centrando-se
no impasse das negociações no Conselho, o comunista João Ferreira
vincou por seu lado que, “para os países da coesão, este é o momento de
virar o jogo e lembrar aos que se recusam a dar a justa contribuição
para o orçamento que uma integração que só produz desigualdade e
divergência está condenada a não ter futuro”.“Os
maiores contribuintes […] sabem que o tempo corre a seu favor, jogam
com a pressão das verbas da coesão e com o prejuízo que isso causaria
aos países que mais dependem delas para tornarem em inevitável uma
proposta que, na verdade, é inaceitável”, criticou o eurodeputado do
PCP.Após o falhanço das negociações na
anterior presidência rotativa da UE, liderada pela Finlândia, o
presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, chamou a si a tarefa de
realizar reuniões bilaterais com os países da UE para perceber os
objetivos de cada Estado-membro para o próximo quadro financeiro
plurianual.Charles Michel deverá
apresentar nos próximos dias uma proposta para o orçamento da UE entre
2021 e 2027, documento esse que estará em apreciação na cimeira
extraordinária que se realiza em Bruxelas na próxima semana.O
orçamento da UE a longo prazo tem de ser aprovado por unanimidade no
Conselho e ter depois o aval do Parlamento Europeu. Deveria entrar em
vigor a 01 de janeiro de 2021.