EUA reconhecem “capacidade de interlocução” de Portugal com África – ministro da Defesa
15 de jun. de 2019, 11:22
— AO Online/ Lusa
“Os Estados Unidos reconhecem que Portugal tem conhecimento particular do continente africano, obviamente algumas partes mais do que outras, mas que, desde sempre, o nosso enfoque tem sido dirigido a África e, nesse sentido, veem como muito útil o diálogo connosco sobre problemas africanos”, afirmou o ministro em declarações à agência Lusa.João Gomes Cravinho encontrou-se hoje com o secretário de Estado da Defesa dos Estados Unidos da América, Patrick Shanahan, no Pentágono, e as relações entre Portugal e o continente africano foram um dos tópicos abordados.“Falámos de Moçambique, falámos da República Centro-Africana, falámos do Sahel e falámos do Golfo da Guiné”, elencou o governante português, adiantando que os dois debateram “um conjunto de temas relacionados com o continente africano”.“Acredito que os Estados Unidos não falem desses temas com todos os aliados, mas connosco falaram”, salientou João Gomes Cravinho, indicando que os EUA reconhecem a Portugal “uma particular capacidade de interlocução para os temas africanos”.O ministro rejeitou, porém, que o encontro tenha tido como objetivo a assunção de qualquer tipo de compromisso entre os dois países.“Nós não assumimos compromissos novos, não era esse o propósito da reunião, mas fizemos um ponto de situação em relação a alguns dos desafios da atualidade que, no futuro, poderão levar-nos a assumir compromissos novos”, considerou Gomes Cravinho.Na ótica do governante, “isso faz parte da evolução natural das coisas”, mas, para tal, “tem de haver uma base contínua de conversa, de diálogo, e foi isso que teve lugar hoje, não foi um momento para a tomada de novas decisões”.João Gomes Cravinho classificou esta reunião como “muito interessante” entre dois países que têm uma “relação que é antiga, que é intensa”.Outro dos assuntos abordados entre os homólogos foi “a importância dos Açores”, tendo sido discutidas as “oportunidades que há para o futuro” daquele arquipélago, que conta com a presença militar norte-americana na Base das Lajes.Na ilha Terceira vai nascer o Centro para a Defesa do Atlântico, equipamento que o ministro da Defesa estimou hoje, numa outra iniciativa também em Washington, que “veja a luz do dia antes do final do ano”.Nas palavras de João Gomes Cravinho, este centro - que vai funcionar na Base das Lajes - vai “apoiar os países do Golfo da Guiné a vigiar as suas águas”.“Para os Açores temos também novos objetivos relacionados com a observação do Atlântico a partir do espaço, isso é uma nova oportunidade”, declarou o ministro, notando que aquelas ilhas “tiveram um período de grande relevância geopolítica”, mas, com “o desenvolvimento de novas tecnologias”, essa localização “deixou de ter o mesmo tipo de utilidade”.Agora, o interesse dos Açores justifica-se por ser “um ponto de lançamento de microssatélites e um ponto a partir do qual se pode fazer uma observação do Atlântico”, explicou João Gomes Cravinho.